Leitura do livro de Jó.
1
Então, do seio da tempestade, o Senhor deu a Jó esta resposta:
8
Quem fechou com portas o mar, quando brotou do seio maternal,
9
quando lhe dei as nuvens por vestimenta, e o enfaixava com névoas tenebrosas;
10 quando lhe tracei limites, e lhe pus portas e ferrolhos,
11 dizendo: Chegarás até aqui, não irás mais longe; aqui se deterá o orgulho de tuas ondas?
Palavra do Senhor.
Salmo responsorial 106/107
Daí graças ao Senhor porque ele é bom,
porque eterna é a sua misericórdia!
Os que sulcam o alto-mar com seus navios,
para ir comerciar nas grandes águas,
testemunharam os prodígios do Senhor
e as suas maravilhas no alto-mar.
Ele ordenou, e levantou-se os furação,
arremessando grandes ondas para o alto;
aos céus subiam aos abismos,
seus corações desfaleciam de pavor.
Mas gritaram ao Senhor na aflição,
e ele os libertou daquela angústia.
Transformou a tempestade em bonança,
e as ondas do oceano se calaram.
Alegraram-se ao ver o mar tranqüilo,
e ao porto desejado os conduziu.
Agradeçam ao Senhor por seu amor
e por suas maravilhas entre os homens!
2ª Leitura (2Cor 5,14-17)
Leitura da segunda carta de são Paulo aos Coríntios.
14 O amor de Cristo nos constrange, considerando que, se um só morreu por
todos, logo todos morreram.
15 Sim, ele morreu por todos, a fim de que os que vivem já não vivam para si,
mas para aquele que por eles morreu e ressurgiu.
16 Por isso, nós daqui em diante a ninguém conhecemos de um modo humano.
Muito embora tenhamos considerado Cristo dessa maneira, agora já não o
julgamos assim.
17 Todo aquele que está em Cristo é uma nova criatura. Passou o que era
velho; eis que tudo se fez novo!
Palavra do Senhor!
— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.— PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Marcos.
— Glória a vós, Senhor!
— Ele está no meio de nós.— PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Marcos.
— Glória a vós, Senhor!
35. Naquele dia, ao cair da tarde,
Jesus disse a seus discípulos:
“Vamos para a outra margem!”
36. Eles despediram a multidão e levaram Jesus consigo,
assim como estava na barca.
Havia ainda outras barcas com ele.
37. Começou a soprar uma ventania muito forte
e as ondas se lançavam dentro da barca,
de modo que a barca já começava a se encher.
38. Jesus estava na parte de trás,
dormindo sobre um travesseiro.
Os discípulos o acordaram e disseram:
“Mestre, estamos perecendo e tu não te importas?”
39. Ele se levantou e ordenou ao vento e ao mar:
“Silêncio! Cala-te!”
O ventou cessou e houve uma grande calmaria.
40. Então Jesus perguntou aos discípulos:
“Por que sois tão medrosos?
Ainda não tendes fé?”
41. Eles sentiram um grande medo e diziam uns aos outros:
“Quem é este, a quem até o vento e o mar obedecem?”
Jesus disse a seus discípulos:
“Vamos para a outra margem!”
36. Eles despediram a multidão e levaram Jesus consigo,
assim como estava na barca.
Havia ainda outras barcas com ele.
37. Começou a soprar uma ventania muito forte
e as ondas se lançavam dentro da barca,
de modo que a barca já começava a se encher.
38. Jesus estava na parte de trás,
dormindo sobre um travesseiro.
Os discípulos o acordaram e disseram:
“Mestre, estamos perecendo e tu não te importas?”
39. Ele se levantou e ordenou ao vento e ao mar:
“Silêncio! Cala-te!”
O ventou cessou e houve uma grande calmaria.
40. Então Jesus perguntou aos discípulos:
“Por que sois tão medrosos?
Ainda não tendes fé?”
41. Eles sentiram um grande medo e diziam uns aos outros:
“Quem é este, a quem até o vento e o mar obedecem?”
— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.
— Glória a vós, Senhor.
Tema do
12º Domingo do Tempo Comum
- Dehonianos -
Província Portuguesa dos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos)
TEXTO: ORIGINAL EM PORTUGUÊS-PT
"Deus
preocupa-se com os dramas dos homens? Onde está Ele nos momentos de sofrimento
e de dificuldade que enfrentamos ao longo da nossa vida? A liturgia do 12º
Domingo do Tempo Comum diz-nos que, ao longo da sua caminhada pela terra, o
homem não está perdido, sozinho, abandonado à sua sorte; mas Deus caminha ao
seu lado, cuidando dele com amor de pai e oferecendo-lhe a cada passo a vida e a
salvação.
A primeira leitura fala-nos de um Deus majestoso e omnipotente, que domina a
natureza e que tem um plano perfeito e estável para o mundo. O homem, na sua
pequenez e finitude, nem sempre consegue entender a lógica dos planos de Deus;
resta-lhe, no entanto, entregar-se nas mãos de Deus com humildade e com total
confiança.
No Evangelho, Marcos propõe-nos uma catequese sobre a caminhada dos discípulos
em missão no mundo… Marcos garante-nos que os discípulos nunca estão sozinhos a
enfrentar as tempestades que todos os dias se levantam no mar da vida… Os
discípulos nada têm a temer, porque Cristo vai com eles, ajudando-os a vencer a
oposição das forças que se opõe à vida e à salvação dos homens.
A segunda leitura garante-nos que o nosso Deus não é um Deus indiferente, que
deixa os homens abandonados à sua sorte. A vinda de Jesus ao mundo para nos
libertar do egoísmo que escraviza e para nos propor a liberdade do amor mostra
que o nosso Deus é um Deus interveniente, que nos ama e que quer ensinar-nos o
caminho da vida.
LEITURA I – Job 38,1.8-11
Leitura
do Livro de Job:
O
Senhor respondeu a Job do meio da tempestade, dizendo:
«Quem encerrou o mar entre dois batentes,
quando ele irrompeu do seio do abismo,
quando Eu o revesti de neblina
e o envolvi com uma nuvem sombria,
quando lhe fixei limites e lhe tranquei portas e ferrolhos?
E disse-lhe:
‘Chegarás até aqui e não irás mais além,
aqui se quebrará a altivez das tuas vagas’».
AMBIENTE
O
Livro de Job é um clássico da literatura universal, não só pela sua
extraordinária beleza literária, mas também pelas questões que aborda e que
tocam o âmago da existência humana. A história serve de pretexto para reflectir
sobre certos temas fundamentais sobre as quais o homem sempre se interroga,
como são a questão do sofrimento do justo inocente, a situação do homem diante
de Deus e a atitude de Deus face ao homem.
Apresenta-nos a história de um homem bom e justo (Job), repentinamente atingido
por um vendaval de desgraças que lhe rouba a riqueza, a família e a própria
saúde. No corpo central do livro (cf. Job 3,1-37,24), Job interroga-se acerca
da origem do sofrimento que o atingiu e do papel de Deus no seu drama pessoal.
Alguns dos amigos de Job procuram responder às suas questões, apresentando as
explicações dadas pela teologia oficial: o sofrimento é sempre o resultado do
pecado do homem; assim, se Job está a sofrer, é porque pecou… Com a veemência
que vem de uma consciência em paz, Job recusa conclusões tão simplistas e
demonstra a falência da doutrina oficial para explicar o seu drama pessoal. Com
um apurado sentido crítico, Job vai desmontando os dogmas fundamentais da fé de
Israel e recusando esse Deus “contabilista” que Se limita a registar as acções
boas e más do homem para lhe pagar em conformidade. Deus não pode ser isso; e o
caso concreto de Job prova-o.
Rejeitada a explicação tradicional para o drama do sofrimento, Job dirige-se
directamente àquele que lhe pode fornecer as respostas: o próprio Deus. No seu
discurso, muito crítico, cruzam-se a animosidade, a violência, as queixas, o
inconformismo, a dúvida, a revolta, com a esperança, a fé e a confiança em
Deus. Quando, finalmente, Deus enfrenta Job, recorda-lhe o seu lugar de
criatura, limitada e finita; mostra-lhe como só Ele conhece as leis que regem o
universo e a vida, mostra-lhe a sua preocupação e o seu amor com cada ser
criado; convida-o a não se pôr em bicos de pés, a ocupar o seu lugar de
criatura e a não pôr em causa os desígnios de Deus para o mundo, já que esses
desígnios ultrapassam infinitamente a capacidade de compreensão e de
entendimento de qualquer criatura. Deus tem uma lógica, um plano, um projecto
que ultrapassa infinitamente aquilo que cada homem (também Job) poderá
entender.
A história termina com Job a perceber o seu lugar, a reconhecer a
transcendência de Deus e a incompreensibilidade dos seus projectos, a
entregar-se nas mãos de Deus com humildade e confiança.
O texto que nos é proposto faz parte do discurso com que Deus responde a Job
(cf. Job 38,1-40,2). Nesse discurso, Deus coloca a Job uma série de questões
sobre a terra, o mar, os grandes mistérios da natureza e da vida; a finalidade
não é obter respostas de Job, mas levá-lo a perceber os seus limites, a sua
ignorância, a sua incapacidade para entender o mistério insondável de Deus e os
projectos que Deus tem para o mundo e para os homens.
MENSAGEM
O
nosso texto começa por apresentar Jahwéh a responder a Job “do meio da
tempestade” (vers. 1). É o quadro habitual das teofanias (cf. Ex 19,16); serve
para emoldurar a manifestação aos homens do Deus todo-poderoso, o soberano de
toda a terra.
Portanto, Jahwéh manifesta-se a Job; o objectivo dessa manifestação é responder
às questões de Job e fazer Job perceber a insensatez das suas críticas. Depois
de se apresentar como o grande arquitecto que construiu a terra (cf. Job
38,4-7), Jahwéh refere-se ao seu papel no sentido de controlar o mar. Foi Ele
quem “encerrou o mar entre dois batentes” (vers. 8) e que lhe “fixou os
limites” (vers. 10).
As antigas lendas mesopotâmicas sobre a criação apresentavam as “águas
salgadas” (representadas pela deusa Tiamat) como um monstro criador do caos e
da desordem; na sua luta para organizar o cosmos, Marduk, o deus mesopotâmico
da ordem lutou contra o mar, venceu-o e pôs-lhe limites.
O Povo bíblico foi, naturalmente, influenciado pelos mitos de criação
mesopotâmicos; por isso, viu no mar uma realidade assustadora, indomável,
orgulhosa, desordenada, onde residiam os poderes caóticos que o homem não
conseguia controlar… No entanto, os catequistas de Israel sempre asseguraram
que a Palavra criadora de Jahwéh impôs às águas tumultuosas do mar, de uma vez
para sempre, os seus limites (“Deus disse: ‘reúnam-se as águas que estão
debaixo dos céus num único lugar, a fim de aparecer a terra seca’. E assim aconteceu”
– Gn 1,9). Jahwéh não precisou de lutar furiosamente contra o mar, como Marduk,
o deus dos mitos mesopotâmicos; mas limitou-Se a organizar o mundo impondo às
águas, com o seu poder, um limite que elas não poderão nunca atravessar sem
ordem divina. O mar, controlado e encerrado dentro dos seus limites naturais, é
um testemunho do poder supremo de Deus; mostra o domínio perfeito de Deus sobre
toda a criação.
Ao recordar a Job a sua acção criadora sobre o mar, Jahwéh apresenta-Se, antes
de mais, intocável na sua transcendência e majestade; e mostra, depois, que tem
para a criação um plano estável, amadurecido, consolidado, irrevogável… Quem é
Job para pôr em causa os desígnios desse Deus criador que, com a sua Palavra,
controlou o mar? Job é convidado a aceitar que um Deus de quem depende toda a
criação, que até submete o mar, que cuida da criação com cuidados de pai, sabe
o que está a fazer e tem uma solução para os problemas e dramas do homem… O
homem, na sua situação de criatura finita e limitada, é que nem sempre consegue
ver e perceber o alcance e o sentido último dos projectos de Deus.
Em conclusão: só Deus tem todas as respostas; ao homem resta reconhecer os seus
limites de criatura e entregar-se nas mãos desse Deus omnipotente e majestoso,
que tem um projecto para o mundo. Ao homem finito e limitado resta confiar em
Deus e ver n’Ele a sua esperança e a sua salvação.
ACTUALIZAÇÃO
¨ Convivemos
diariamente com realidades positivas e negativas, com “luzes” e “sombras”.
Normalmente, as “sombras” marcam-nos muito e constituem uma fonte de
preocupação e de inquietação… O terrorismo e a violência trazem-nos sofrimento
e insegurança; as novas doenças geram medo e inquietação; as catástrofes
naturais fazem-nos sentir impotentes e indefesos; as injustiças e arbitrariedades
provocam revolta e descontentamento; o desmoronamento de velhas estruturas
políticas e sociais provocam anarquia e caos; o fabrico e o comércio de armas
de destruição em massa trazem-nos ansiosos e preocupados… Confusos e
desorientados, viramo-nos para Deus… Por vezes, criticamos a sua indiferença
face aos dramas do mundo; outras vezes, sentimos a tentação de Lhe mostrar, de
forma clara e lógica, como é que Ele devia actuar para que o mundo fosse
melhor… A leitura do Livro de Job que hoje nos é proposta convida-nos, antes de
mais, a não nos pormos em bicos de pés e a não exigirmos a Deus que actue
segundo as nossas lógicas humanas.
¨ Na
verdade, o Deus que criou tudo o que existe, que estabeleceu as leis cósmicas,
que conhece os segredos de cada uma das suas criaturas, que cuida de cada ser
com cuidados de pai, que mil vezes manifestou na história o seu amor e a sua
bondade, não pode ignorar os problemas do homem, ou deixar que a humanidade
chegue a um beco sem saída. O nosso Deus está presente na história humana e
sabe para onde caminhamos. Ele tem um projecto coerente, maduro, estável,
irrevogável para o mundo e para os homens… Por vezes, o sentido desse projecto
pode escapar-nos; mas Deus sabe para onde caminhamos e conduz-nos, através das armadilhas
da história, ao encontro da realização plena, da vida definitiva.
¨ Mergulhados
no mistério insondável desse Deus omnipotente, por vezes desconcertante e
incompreensível, resta ao crente entregar-se nas suas mãos com humildade e
confiar n’Ele. O verdadeiro crente é aquele que reconhece a pequenez e finitude
que são as marcas da humanidade, que reconhece que os projectos de Deus não
podem entender-se à luz da nossa pobre lógica humana e que se atira, confiante,
para os braços de Deus; o verdadeiro crente é aquele que, mesmo sem entender
totalmente os projectos de Deus, aprende a entregar-se a Ele, a obedecer-Lhe
incondicionalmente, a vê-l’O como a razão última da sua vida e da sua
esperança.
SALMO RESPONSORIAL – Salmo 106 (107)
Refrão
1: Dai graças ao Senhor,
porque é eterna a sua misericórdia.
Refrão
2: Cantai ao Senhor, porque é eterno o seu amor.
Os
que se fizeram ao mar em seus navios,
a fim de labutar na imensidão das águas,
esses viram os prodígios do Senhor
e as suas maravilhas no alto mar.
À
sua palavra, soprou um vento de tempestade,
que fez encapelar as ondas:
subiam até aos céus, desciam até ao abismo,
lutavam entre a vida e a morte.
Na
sua angústia invocaram o Senhor
e Ele salvou-os da aflição.
Transformou o temporal em brisa suave
e as ondas do mar amainaram.
Alegraram-se
ao vê-las acalmadas,
e Ele conduziu-os ao porto desejado.
Graças ao Senhor pela sua misericórdia,
pelos seus prodígios em favor dos homens.
LEITURA II – 2 Cor 5,14-17
Leitura
da Segunda Epístola do apóstolo São Paulo aos Coríntios
Irmãos:
O amor de Cristo nos impele,
ao pensarmos que um só morreu por todos
e que todos, portanto, morreram.
Cristo morreu por todos,
para que os vivos deixem de viver para si próprios,
mas vivam para Aquele que morreu e ressuscitou por eles.
Assim, daqui em diante,
já não conhecemos ninguém segundo a carne.
Ainda que tenhamos conhecido a Cristo segundo a carne,
agora já não O conhecemos assim.
Se alguém está em Cristo, é uma nova criatura.
As coisas antigas passaram: tudo foi renovado.
AMBIENTE
A
Primeira Carta aos Coríntios (que criticava alguns membros da comunidade por
atitudes pouco condizentes com os valores cristãos) provocou uma reacção
extremada e uma campanha organizada no sentido de desacreditar Paulo. Essa
campanha parece ter sido instigada por missionários itinerantes procedentes das
comunidades cristãs da Palestina, que se consideravam representantes dos Doze e
que minimizavam o trabalho apostólico de Paulo (afirmavam, inclusive, que Paulo
era inferior aos outros apóstolos, por não ter convivido com Jesus enquanto Ele
andou pela Palestina com os seus discípulos). Paulo, informado de tudo,
dirigiu-se apressadamente para Corinto e teve um violento confronto com os seus
detractores. Depois, retirou-se para Éfeso. Tito, amigo de Paulo, fino
negociador e hábil diplomata, partiu para Corinto, a fim de tentar a
reconciliação.
Paulo, entretanto, partiu para Tróade. Foi aí que reencontrou Tito, regressado
de Corinto. As notícias trazidas por Tito eram animadoras: o diferendo fora
ultrapassado e os coríntios estavam, outra vez, em comunhão com Paulo.
Reconfortado, Paulo escreveu uma tranquila apologia do seu apostolado, à qual
juntou um apelo em favor de uma colecta para os pobres da Igreja de Jerusalém.
Esse texto é a nossa Segunda Carta de Paulo aos Coríntios. Estamos nos anos
56/57.
O texto que nos é proposto integra a primeira parte da Carta, onde Paulo
analisa as suas relações com a comunidade de Corinto e explica os princípios
que sempre nortearam a sua acção pastoral (cf. 2 Cor 1,3-7,16).
MENSAGEM
O
que é que realmente “move” Paulo? Qual a razão do seu ministério? Porque é que
Paulo – que até nem conheceu o Jesus histórico, como os Doze – insiste em
anunciá-lo? Paulo não estará a extravasar as suas funções?
Paulo fez a experiência do amor de Cristo e deixou-se absorver por esse amor. A
sua acção apostólica tem apenas como objectivo levar o amor de Cristo ao
conhecimento de todos os homens. Cristo morreu por todos, a fim de que os
homens, aprendendo a lição do amor que se dá até às últimas consequências,
deixassem a vida velha, marcada por esquemas de egoísmo e de pecado.
Contemplando o Cristo que oferece a sua vida ao Pai e aos irmãos, os homens não
viverão, nunca mais, fechados em si mesmos; mas viverão, como Cristo, com o
coração aberto a Deus e aos outros homens (vers. 14-15). É esta “boa nova” que
absorve Paulo completamente e que ele quer passar a todos os seus irmãos.
Com franqueza, Paulo admite que, no passado, entendeu Cristo “à maneira humana”
e não percebeu que a sua doação até à morte era expressão de um amor ilimitado;
mas, depois de se ter encontrado com Cristo ressuscitado na estrada de Damasco,
Paulo passou a ver as coisas de forma diferente (vers. 16).
Paulo quer anunciar – por mandato de Cristo – que a adesão a Cristo faz desaparecer
o homem velho do egoísmo e do pecado e faz surgir uma nova criatura (vers. 17).
A palavra grega aqui utilizada por Paulo (“ktisis”) pode significar “criação”,
“criatura” ou “humanidade”… O cristão, que aderiu a Cristo, é uma nova
criatura, o membro de uma nova humanidade. Identificado com Cristo, ele corre
ao encontro do Homem Novo, da vida plena e verdadeira, da salvação definitiva.
É isto que “faz correr” Paulo… Ele experimentou o amor de Cristo e tornou-se
uma nova criatura. Agora, ele sente que Deus o manda testemunhar essa
experiência diante de todos os homens.
ACTUALIZAÇÃO
¨ Antes
de mais, o texto dá conta da preocupação de Deus com a vida e a felicidade dos
homens. A vinda de Jesus ao mundo, a sua luta contra o egoísmo e o pecado, o
seu amor incondicional, a sua morte na cruz, pretendeu libertar os homens dos
velhos esquemas de escravidão e de fechamento que impediam os homens de ter
acesso à vida plena e verdadeira. Contemplar o amor de Deus, tornado presença
efectiva na vida dos homens em Jesus, assegura-nos que Deus Se preocupa
connosco e que está sempre atento à nossa realização e à nossa felicidade. O
nosso Deus não é um Deus indiferente, que deixa os homens abandonados à sua
sorte; mas é um Deus interveniente, que nos ama e que, a cada instante, está
presente ao nosso lado, a indicar-nos os caminhos da vida.
¨ O
objectivo de Deus é fazer aparecer o Homem Novo e a Nova Humanidade. Aos
homens, é pedido que aceitem a proposta de Deus, que aceitem renunciar à vida
velha do egoísmo e da escravidão e que aceitem nascer, livres e transformados,
para o amor que nos torna livres. Como é que acolhemos esta proposta de Deus?
Ela conta alguma coisa para nós?
¨ Paulo,
depois de ter encontrado Jesus, de ter aderido à sua proposta e de ter feito a
experiência da liberdade e da vida nova, tornou-se testemunha, diante dos
homens, do projecto salvador e libertador de Deus para os homens. Cada homem e
cada mulher que se encontra com Jesus e que faz a mesma experiência de Paulo,
tem de tornar-se arauto das propostas de Deus e de anunciar aos seus irmãos,
com gestos concretos, essa oferta de vida nova e verdadeira que Deus nos faz.
ALELUIA – Lc 7,16
Aleluia.
Aleluia.
Apareceu
entre nós um grande profeta:
Deus visitou o seu povo.
EVANGELHO – Mc 4,35-41
Evangelho
de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
Naquele
dia, ao cair da tarde,
Jesus disse aos seus discípulos:
«Passemos à outra margem do lago».
Eles deixaram a multidão
e levaram Jesus consigo na barca em que estava sentado.
Iam com Ele outras embarcações.
Levantou-se então uma grande tormenta
e as ondas eram tão altas que enchiam a barca de água.
Jesus, à popa, dormia com a cabeça numa almofada.
Eles acordaram-n’O e disseram:
«Mestre, não Te importas que pereçamos?»
Jesus levantou-Se,
falou ao vento imperiosamente e disse ao mar:
«Cala-te e está quieto».
O vento cessou e fez-se grande bonança.
Depois disse aos discípulos:
«Porque estais tão assustados? Ainda não tendes fé?»
Eles ficaram cheios de temor e diziam uns para os outros:
«Quem é este homem,
que até o vento e o mar Lhe obedecem?»
AMBIENTE
Na
primeira parte do Evangelho segundo Marcos (cf. Mc 1,14-8,30), Jesus é
apresentado como o Messias que proclama o Reino de Deus. Marcos procura aí
demonstrar como Jesus, com palavras e com gestos, anuncia um mundo novo (o
“reino de Deus”), livre do egoísmo, da opressão, da injustiça e de tudo o que
escraviza os homens e os impede de ter acesso à vida verdadeira. O texto que
hoje nos é proposto deve ser visto neste ambiente.
O nosso texto começa com a indicação de que Jesus decidiu passar “à outra
margem”. A “outra margem” (do lago de Tiberíades, evidentemente) é o território
pagão da Decápole. A Decápole (“dez cidades”) era o nome dado ao território
situado na Palestina oriental, estendendo-se desde Damasco, ao norte, até
Filadélfia, ao sul. O nome servia para designar uma liga de dez cidades, que se
formou depois da conquista da Palestina pelos romanos, no ano 63 a.C.. As “dez
cidades” que formavam esta liga eram helenísticas e não estavam sujeitas às leis
judaicas. As cidades que integravam a Decápole (bem como os territórios
circundantes a cada uma dessas cidades) estavam sob a administração do legado
romano da Síria. Eram território pagão, considerado pelos judeus completamente
à margem dos caminhos da salvação.
O episódio que Marcos nos narra, neste domingo, passa-se durante a travessia do
Lago de Tiberíades. O Lago de Tiberíades, designado frequentemente por “Mar da
Galileia”, é um lago de água doce, alimentado sobretudo pelas águas do rio
Jordão, com 12 quilómetros de largura e 21 quilómetros de comprimento. As
tempestades que se levantavam neste “mar” podiam aparecer subitamente e ser
especialmente violentas.
Para entendermos melhor o que está em causa no episódio que hoje Marcos nos
propõe, convém ter presente o que dissemos na primeira leitura a propósito do
que o “mar” significava para a mentalidade judaica: era uma realidade
assustadora, indomável, orgulhosa, desordenada, onde residiam os poderes
caóticos que o homem não conseguia controlar e onde estavam os poderes
maléficos que queriam destruir os homens… Só Deus, com o seu poder e majestade,
podia pôr limites ao mar, dar-lhe ordens e libertar os homens dessas forças
descontroladas do caos que o mar encerrava.
Mais do que uma crónica fiel de uma viagem de Jesus com os discípulos através
do Lago de Tiberíades, a narração que Marcos nos apresenta deve ser vista como
uma página de catequese. Usando elementos com uma forte carga simbólica (o mar,
o barco, a tempestade, a noite, o sono de Jesus), Marcos apresenta-nos uma
reflexão sobre a comunidade dos discípulos em marcha pela história. Marcos
escreve numa época em que a Igreja de Jesus enfrenta sérias “tempestades”
(perseguição de Nero, problemas internos causados pela diferença de
perspectivas entre judeo-cristãos e pagano-cristãos, dificuldades sentidas
pelas comunidades em encontrar o caminho para o futuro…); e pretende dar
sugestões aos crentes acerca do caminho a percorrer.
MENSAGEM
Reparemos,
em primeiro lugar, no “ambiente” em que Marcos nos situa: no mar, ao anoitecer
(vers. 35). Situar o barco com Jesus e os discípulos “no mar”, é colocá-los num
ambiente hostil, adverso, perigoso, caótico, rodeados pelas forças que lutam
contra Deus e contra a felicidade do homem. Por outro lado, a “noite” é o tempo
das trevas, da falta de luz; aparece como elemento ligado com o medo, com o
desânimo, com a falta de perspectivas. O “mar” e a “noite” definem uma
realidade de dificuldade, de hostilidade, de incompreensão.
No “barco” vão Jesus e os discípulos (vers. 36). O “barco” é, na catequese
cristã, o símbolo da comunidade de Jesus que navega pela história. Jesus está
no “barco”, mas são os discípulos que se encarregam da navegação, pois é a eles
que é confiada a tarefa de conduzir a comunidade pelo mar da vida.
O “barco” dirige-se “para a outra margem” (vers. 35b), ao encontro das terras
dos pagãos. Com este dado Marcos alude, muito provavelmente, à missão da
comunidade cristã, convidada por Jesus a ir ao encontro de todos os homens para
lhes levar Jesus e a sua proposta libertadora.
Durante a travessia, Jesus “dorme” (vers. 38). O “sono” de Jesus durante a
viagem refere-se, possivelmente, à sua aparente ausência ao longo da “viagem”
que a comunidade cristã faz pela história. Com frequência os discípulos, ocupados
em dirigir o “barco”, têm a sensação de que estão sós, abandonados à sua sorte
e que Jesus não está com eles a enfrentar as vicissitudes da viagem. Na
verdade, Jesus está com eles no “barco”; Ele prometeu ficar com eles “até ao
fim do mundo”.
A “tempestade” (vers. 37) significa as dificuldades que o mundo opõe à missão
dos discípulos. É provável que Marcos estivesse a pensar numa “tempestade”
concreta, talvez a perseguição de Nero aos cristãos de Roma, durante a qual
foram mortos Pedro e Paulo, bem como muitos outros cristãos (anos 64-68. O
Evangelho segundo Marcos deve ter aparecido nessa altura); mas a “tempestade”
refere-se também a todos os momentos de crise, de perseguição, de hostilidade
que os discípulos terão de enfrentar ao longo do seu caminho histórico, até ao
fim dos tempos.
Jesus, despertado pelos discípulos, acalma a fúria do mar e do vento, com a sua
Palavra imperiosa e dominadora (vers. 39). Já dissemos atrás que, na teologia
judaica, só Deus era capaz de dominar o mar e as forças hostis que se
albergavam no mar. Jesus aparece assim, como o Deus que acompanha a difícil
caminhada dos discípulos pelo mundo e que cuida deles no meio das dificuldades
e da hostilidade do mundo.
Depois de aclamar o mar e o vento, Jesus dirige-Se aos discípulos e repreende-os
pela sua falta de fé (vers. 40: “porque estais tão assustados? Ainda não tendes
fé?”). Os discípulos, depois da caminhada feita com Jesus, já deviam saber que
Ele nunca está ausente, nem alheado da vida da sua comunidade. Eles não podem
esquecer que, em todas as circunstâncias, Jesus vai com eles no mesmo “barco” e
que, por isso, nada têm a temer. A comunidade de Jesus tem de estar consciente
de que Jesus está sempre presente e que, portanto, as tempestades da história
não poderão impedi-los de concretizar no mundo a missão que lhes foi confiada.
O nosso texto termina com o “temor” dos discípulos e a pergunta que eles fazem
uns aos outros: “Quem é este, a quem até o vento e o mar obedecem?” (vers. 41).
O “temor” define o estado de espírito do homem diante da divindade. No universo
bíblico, este “temor” não apresenta carácter de pânico ou de medo servil, mas
encerra um misterioso poder de atracção que se traduz em obediência, entrega,
confiança, entusiasmo. Tal atitude positiva deriva da experiência que o crente
israelita tem de Deus: Jahwéh é um Deus presente, que guia o seu Povo com uma
solicitude paternal e maternal. Por isso, o crente, se por um lado tem
consciência da omnipotência de Deus, por outro lado sabe que pode confiar
incondicionalmente n’Ele e entregar-se nas suas mãos. A resposta à questão já
está, portanto, dada: o “temor” dos discípulos significa que eles reconhecem
que Jesus é o Deus presente no meio dos homens, e a quem os homens são
convidados a aderir, a confiar, a obedecer com total entrega.
A catequese que Marcos nos propõe é, portanto, sobre a caminhada dos
discípulos, em missão no mundo… Marcos garante-nos que Cristo está sempre com
os discípulos, mesmo quando parece ausente. Os discípulos nada têm a temer,
porque Cristo vai com eles, ajudando-os a vencer as forças que se opõem à vida
e à salvação dos homens.
ACTUALIZAÇÃO
¨ A
imagem de um barco cheio de discípulos convidados por Jesus a passar “à outra
margem do lago” e a dar testemunho dessa vida nova que Deus quer oferecer aos
homens é uma boa definição de Igreja. Antes de mais, o nosso texto convida-nos
a tomar consciência de que a comunidade que nasce de Jesus é uma comunidade
missionária, cuja tarefa é ir ao encontro dos homens prisioneiros do egoísmo e
do pecado para lhes apresentar a Boa Nova da libertação. Os discípulos de Jesus
não podem ficar comodamente instalados nos seus espaços seguros e protegidos,
defendidos dos perigos do mundo e alheados dos problemas e necessidades dos
homens; mas a Igreja tem de ser uma comunidade empenhada na transformação do
mundo, que se preocupa em levar aos homens – a todos os homens, sobretudo aos
pobres e marginalizados – com palavras e com gestos a proposta libertadora do
Reino.
¨ O
caminho percorrido pela comunidade de Jesus em missão no mundo é, muitas vezes,
um caminho marcado por duras tempestades. Quando a comunidade procura ser fiel
à sua vocação e levar a libertação aos homens, confronta-se frequentemente com
as forças da injustiça, da opressão e do pecado que não estão interessadas em
que o anúncio libertador de Jesus ecoe no mundo (às vezes, essas forças de
injustiça e de opressão disfarçam-se com as atraentes roupagens da “moda”, do
“politicamente correcto” ou do “socialmente aceitável”)… Por isso, a comunidade
de Jesus conhece, ao longo da sua caminhada, a oposição, a incompreensão, a
perseguição, as calúnias e até a morte… No entanto, os discípulos devem estar
conscientes de que esse cenário é inevitável e resulta da sua fidelidade ao
caminho de Jesus.
¨ Muitas
vezes, ao longo da caminhada, os discípulos sentem uma tremenda solidão e,
confrontados com a oposição e a incompreensão do mundo, experimentam a sua
fragilidade e impotência. Parece que Jesus os abandonou; e o silêncio de Jesus
desconcerta-os e angustia-os. O Evangelho deste domingo garante-nos que Jesus
nunca abandona o barco dos discípulos. Ele está sempre lá, embarcado com eles
na mesma aventura, dando-lhes segurança e paz. Nos momentos de crise, de
desânimo, de medo, os discípulos têm de ser capazes de descobrir a presença –
às vezes silenciosa, mas sempre amiga e reconfortante – de Jesus ao seu lado,
no mesmo barco.
¨ “Ainda
não tendes fé?” – pergunta Jesus aos discípulos… Se os discípulos tivessem fé,
não teriam medo e não sentiriam a necessidade de “acordar” Jesus. Estariam
conscientes da presença de Jesus ao seu lado em todos os momentos e não
estariam à espera de uma intervenção mais ou menos mágica de Jesus para os
livrar das dificuldades. O verdadeiro discípulo é aquele que aderiu a Jesus,
que vive em permanente comunhão e intimidade com Jesus, que está em permanente
escuta de Jesus, que caminha com Jesus, que a cada instante descobre a presença
reconfortante de Jesus ao seu lado. Ele conta sempre com Jesus e não se lembra
de Jesus apenas nos momentos de dificuldade e de crise…
¨ A
intervenção de Jesus provoca o “temor” dos discípulos. Dissemos atrás que o
“temor” significa, neste contexto, que os discípulos reconhecem que Jesus é o
Deus presente no meio dos homens e a quem os homens são convidados a aderir, a
confiar, a obedecer com total entrega. Esta “catequese” convida-nos a assumir,
diante desse Jesus que nos acompanha sempre, uma atitude semelhante (de
“temor”) e a aderir incondicionalmente às suas propostas, a confiar n’Ele, a
segui-l’O nesse caminho do amor e do dom da vida que Ele nos veio propor.
ALGUMAS SUGESTÕES PRÁTICAS PARA O 12º DOMINGO DO TEMPO COMUM
(adaptadas de “Signes d’aujourd’hui”)
1.
A PALAVRA MEDITADA AO LONGO DA SEMANA.
Ao longo dos dias da semana anterior ao 12º Domingo do Tempo Comum, procurar
meditar a Palavra de Deus deste domingo. Meditá-la pessoalmente, uma leitura em
cada dia, por exemplo… Escolher um dia da semana para a meditação comunitária
da Palavra: num grupo da paróquia, num grupo de padres, num grupo de movimentos
eclesiais, numa comunidade religiosa… Aproveitar, sobretudo, a semana para
viver em pleno a Palavra de Deus.
2.
BILHETE DE EVANGELHO.
Seria para repousar? Seria para propor aos seus Apóstolos uma forma de retiro?
O facto é que Jesus convida os seus discípulos a passar para a outra margem. A
travessia do lago não é de repouso, levanta-se uma tempestade violenta e os
Apóstolos estão aterrorizados. Sabem que não estão sozinhos no barco. Eles, os
especialistas do lago, admiram-se com o sono de Jesus. Estão perdidos, então despertam
Jesus, Ele que veio salvar os que estavam perdidos. Ele vai manifestar, então,
que tem autoridade sobre todas as forças da morte, dá uma ordem: “Silêncio!
Cala-te!” E fez-se uma grande calmaria. Os Apóstolos, naquele dia, não passaram
apenas para a outra margem… Passaram do medo à confiança, graças ao “Passador”
que tinha embarcado com eles. Nunca esqueçamos de fazer subir Cristo para o
nosso barco, para passarmos com Ele…
3.
À ESCUTA DA PALAVRA.
Jesus no barco da nossa vida. “Ao cair da tarde…” Toda a cena da tempestade
acalmada desenrola-se durante a noite. É o momento em que todas as forças do
mal podem agir com toda a impunidade. O barco está “no mar”, o lugar onde
residem as forças demoníacas. Enfim, a palavra de Jesus ao vento e ao mar – “acalma-te!”
– significa também “exorcizar”. Dito de outro modo, Marcos quer fazer-nos
compreender que, para além da brusca tempestade, os discípulos – e todos os
homens – são confrontados a um combate bem mais profundo e dramático: o combate
contra o mal, não somente o mal “natural”, mas sobretudo o mal que habita e
trabalha no coração dos homens. Os apóstolos, ultrapassados pela violência da
tempestade, simbolizam os homens ultrapassados pelo poder do mal, que parece
vencer, ainda e sempre. Para vencer o mal, é preciso recorrer a um poder maior.
Felizmente que Jesus está lá! Ele dispõe do poder divino! Sim, mas Ele dorme
tão profundamente que as enormes vagas não o fazem despertar. O seu sono
torna-se, pois, a imagem da sua morte. Tudo parece perdido: “Mestre, estamos
perdidos!” Jesus acaba por “despertar”. Ora, a palavra é a mesma que Marcos
empregará para dizer a Ressurreição de Jesus: “Ele despertou de entre os
mortos”. Podemos, pois, compreender o sentido mais profundo deste milagre da
tempestade acalmada. Jesus veio ao coração da nossa história, desceu até ao
fundo do mistério do mal que se desencadeia, ainda e sempre, foi até entrar no
sono da morte violenta, que os homens esvaziaram de toda a traça de amor, onde
parece que não se ouve mais nada, onde o próprio Deus parece dormir,
indiferente aos males dos homens: “Mestre, isto não Te diz nada?” Mas Deus, em
Jesus, respeitando infinitamente a nossa liberdade, só podia fazer uma coisa:
juntar-se às nossas vidas, esconder-se nas nossas tempestades e nas nossas
mortes, para aí colocar a sua presença, mais forte que todas as trevas. Só após
a vitória aparente da morte é que Ele manifestará o poder da sua Ressurreição.
O que Ele nos pede hoje é de crer, de Lhe dar a nossa confiança: “Porque ter
medo?” Com Ele na nossa vida, as forças do mal não terão a última palavra.
4.
PARA A SEMANA QUE SE SEGUE…
As palavras da nossa fé. No domingo, é importante professar a nossa fé com o
Credo da Igreja, para marcar a nossa pertença ao Povo de Deus que nos
transmitiu estas palavras. Mas, nesta semana, se pudermos viver uma partilha à
volta da questão “quem é Jesus para nós?”, poderemos tentar compor uma
profissão de fé que retome o essencial desta partilha."
UNIDOS PELA PALAVRA DE DEUS
PROPOSTA PARA
ESCUTAR, PARTILHAR, VIVER E ANUNCIAR A PALAVRA NAS COMUNIDADES DEHONIANAS
Grupo Dinamizador:
P. Joaquim Garrido, P. Manuel Barbosa, P. José Ornelas Carvalho
Província Portuguesa dos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos)
Rua Cidade de Tete, 10 – 1800-129 LISBOA – Portugal
Tel. 218540900 – Fax: 218540909
FONTE:
Província Portuguesa dos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos)
TEXTO: ORIGINAL EM PORTUGUÊS-PT
http://musicasparamissa.com.br/12o-domingo-do-tempo-comum-ano-b/
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