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quarta-feira

HOMILIA DOMINICAL - INTERNAUTAS MISSIONÁRIOS - ASCENÇÃO DO SENHOR -17/05/2015


Evangelho - Mc 16,15-20

17 de Maio de 2015
Ano B

ASCENSÃO -

José Salviano
     
Durante quarenta dias após a sua ressurreição, Jesus se MOSTROU VIVO por várias vezes aos amigos e às pessoas desconhecidas. Jesus recomenda aos apóstolos para não se afastarem de Jerusalém, pois Ele irá enviar o BATISMO DO FOGO DO ESPÍRITO SANTO em breve. E através desse BATISMO especial, Jesus promete que os apóstolos iriam receber o PODER DO ESPÍRITO SANTO, o qual desceria sobre eles, para que tivessem toda força e coragem necessária para testemunhar a pessoa do Filho de Deus, Jesus Cristo. 

Hoje, celebramos o mistério da Ascensão do Senhor. É mistério porque brota do coração de Deus, é mistério porque ultrapassa tudo quanto possamos imaginar, é mistério porque nos dá a vida eterna.

A hodierna solenidade é uma só com a do dia de Páscoa: Aquele que admiramos ressuscitado em glória na Ressurreição, hoje, contemplamo-lo à direita de Deus, com a mesma autoridade do Pai, e o proclamamos Cabeça da Igreja, Senhor sobre toda a criação, sobre toda a humanidade, princípio e fim da história humana e Juiz dos vivos e dos mortos. No dia da Páscoa contemplamos o Cristo resplendente de Glória; na Festa de hoje, contemplamos o que essa glória significa para nós todos.
Primeiramente, a Ascensão do Senhor nos faz compreender com o coração que o Cristo que por nós se fez homem, como um de nós viveu e por nós morreu, ele mesmo, agora, com a sua humanidade glorificada, está à Direita do Pai. Isto é admirável: um da nossa raça, o homem Jesus, participa agora do mesmo poder divino, acima de todas as criaturas. Que mistério: nele, a nossa humanidade está totalmente glorificada! Como dizia a oração inicial desta santa missa, “a Ascensão do Filho já é a nossa vitória” porque nós, enxertados nele, a ele unidos no batismo e na eucaristia, somos membros do seu Corpo, que é a Igreja; e sabemos: onde já está a nossa Cabeça, estaremos também nós um dia! Como diz a segunda leitura da missa de hoje, chegaremos “todos juntos à unidade da fé e do conhecimento do filho de Deus, ao estado do homem perfeito e à estatura de Cristo em sua plenitude”. Vede, portanto, que destino a festa deste hoje nos revela: chegar à estatura do Cristo em sua plenitude! Nada menos que isso pode saciar o coração humano; nada menos que isso pode nos contentar, pode nos dar paz! Olhemos para o Cristo glorioso à direita do Pai e veremos a que somos chamados... Contemplai, pois o nosso destino! Pensai que miséria a do nosso mundo, que vive de bagatelas, empenha todo o seu afeto com futilidades e procura alegria e plenitude no que é efêmero! Tanto maior a grandeza que contemplamos em Cristo, mais deveria nos espantar a ilusão e alienação do mundo atual! Recordai, caros, a exortação do apóstolo: “Esforçai-vos por alcançar as coisas do alto, onde está Cristo, sentado à direita de Deus; aspirai Às coisas celestes e não às coisas terrestres. Quando Cristo, vossa vida, aparecer em seu triunfo, então vós aparecereis também com ele, revestidos de glória” (Cl. 3,1-4).
Em segundo lugar, sentado como Senhor à Direita do Pai, Jesus é o Senhor do universo e de toda a história. Vede a criação! Pensai nas galáxias, recordai as estrelas, imaginai a riqueza de vida nas profundezas do mar, pensai ainda na sede de infinito do coração humano... De tudo isso Cristo é Senhor; tudo caminha para ele, ele é a Finalidade de tudo... também da história humana. Por mais que o homem pecador trame contra Cristo, por mais que o mundo hodierno volte suas costas ao Senhorio do Ressuscitado, tudo caminha para ele e ele triunfará ao fim de tudo – ele é o alfa e o ômega, o A e o Z, o Princípio e o Fim de todas as coisas!
Por tudo isso, ele é o Juiz de tudo quanto existe. Terá valido a pena, terá sentido, o que estiver sob o seu senhorio de paz, de amor, de vida, de justiça e de santidade. Tudo quanto não condisser com o seu reinado perecerá, passará, pois não servirá para mais nada a não ser para ser jogado fora e pisado pelos homens.
Mais ainda: o Senhor Jesus, hoje no mais alto dos céus, é Cabeça da Igreja. Aquele que é o Unigênito de Deus, pela sua ressurreição e pelo dom do seu Espírito, tornou-se o Primogênito de muitos irmãos, Cabeça do seu Corpo, que é a Igreja. O Cristo pleno de glória que está nos céus, é nossa cabeça e dele continuamos recebendo a vida, que é o próprio Espírito Santo. Esta vida vem-nos sobretudo nos sacramentos, especialmente da Eucaristia, na qual recebemos o Cristo morto e ressuscitado, pleno do Santo Espírito, Senhor que dá a vida. Olhando para Aquele que está à direita do Pai e é nossa Cabeça e Princípio, como não nos alegrar? Como não nos encher de esperança? Como não ter a certeza que nossa vida caminha para a Plenitude? Não estamos sozinhos! A Igreja jamais estará sozinha – seu Senhor é o mesmo que está à direita do Pai; seu Esposo e Cabeça é o rei da Glória!
Por fim a festa de hoje - que, de certo modo já nos prepara para o encerramento do tempo da Páscoa, com o Pentecostes, no próximo domingo - a festa de hoje nos convida a colocar os pés nas estradas do mundo - na nossa família, no nosso trabalho, entre os nossos amigos, na vida social... pés nas estradas do mundo para proclamar o senhorio de Cristo. Lembrai-vos hoje da sua promessa, lembrai-vos da sua missão: “Recebereis o poder do Espírito Santo que descerá sobre vós, para serdes minhas testemunhas até os confins da terra!” Coragem, pois, caríssimos! Se conhecermos Jesus de verdade, se o experimentarmos realmente na nossa vida, se crermos na sua glória e esperarmos com todo nosso coração participar dela, seremos, então, suas testemunhas e nossa convicção, nosso amor e nossa esperança invencível contagiarão a muitos.
Portanto, “homens da Galiléia, por que estais admirados, olhando para o céu? Este Jesus há de voltar, do mesmo modo que o vistes subir!” Façamos, pois, como nossos irmãos das origens que saíram e pregaram por toda parte. O Senhor os ajudava e confirmava sua palavra por meio dos sinais que a acompanhavam”.
Dom Henrique Soares da Costa



A solenidade da Ascensão de Jesus que hoje celebramos sugere que, no final do caminho percorrido no amor e na doação, está a vida definitiva, a comunhão com Deus. Sugere também que Jesus nos deixou o testemunho e que somos nós, seus seguidores, que devemos continuar a realizar o projeto libertador de Deus para os homens e para o mundo.
No Evangelho, Jesus ressuscitado aparece aos discípulos, ajuda-os a vencer a desilusão e o comodismo e envia-os em missão, como testemunhas do projeto de salvação de Deus. De junto do Pai, Jesus continuará a acompanhar os discípulos e, através deles, a oferecer aos homens a vida nova e definitiva.
Na primeira leitura, repete-se a mensagem essencial desta festa: Jesus, depois de ter apresentado ao mundo o projeto do Pai, entrou na vida definitiva da comunhão com Deus - a mesma vida que espera todos os que percorrem o mesmo "caminho" que Jesus percorreu. Quanto aos discípulos: eles não podem ficar a olhar para o céu, numa passividade alienante; mas têm de ir para o meio dos homens continuar o projeto de Jesus.
A segunda leitura convida os discípulos a terem consciência da esperança a que foram chamados (a vida plena de comunhão com Deus). Devem caminhar ao encontro dessa "esperança" de mãos dadas com os irmãos - membros do mesmo "corpo" - e em comunhão com Cristo, a "cabeça" desse "corpo". Cristo reside no seu "corpo" que é a Igreja; e é nela que se torna hoje presente no meio dos homens.

1ª leitura- At. 1,1-11 - AMBIENTE

O livro dos "Atos dos apóstolos" dirige-se a comunidades que vivem num certo contexto de crise. Estamos na década de 80, cerca de cinquenta anos após a morte de Jesus. Passou já a fase da expectativa pela vinda iminente do Cristo glorioso para instaurar o "Reino" e há uma certa desilusão. As questões doutrinais trazem alguma confusão; a monotonia favorece uma vida cristã pouco comprometida e as comunidades instalam-se na mediocridade; falta o entusiasmo e o empenho do quadro geral é o de um certo sentimento de frustração, porque o mundo continua igual e a esperada intervenção vitoriosa de Deus continua adiada. Quando vai concretizar-¬se, de forma plena e inequívoca, o projeto salvador de Deus?
É neste ambiente que podemos inserir o texto que hoje nos é proposto como primeira leitura. Nele, o catequista Lucas avisa que o projeto de salvação e de libertação que Jesus veio apresentar passou (após a ida de Jesus para junto do Pai) para as mãos da Igreja, animada pelo Espírito. A construção do "Reino" é uma tarefa que não está terminada, mas que é preciso concretizar na história, e exige o empenho contínuo de todos os crentes. Os cristãos são convidados a redescobrir o seu papel, no sentido de testemunhar o projeto de Deus, na fidelidade ao "caminho" que Jesus percorreu.

MENSAGEM

O nosso texto começa com um prólogo (vs. 1-2) que relaciona os "Atos" com o 3 Evangelho - quer na referência ao mesmo Teófilo a quem o Evangelho era dedicado, quer na alusão a Jesus, aos seus ensinamentos e à sua ação no mundo (tema central do 3° Evangelho). Neste prólogo são também apresentados os protagonistas do livro - o Espírito Santo e os apóstolos, vinculados com Jesus.
Depois da apresentação inicial, vem o tema da despedida de Jesus (vs. 3-8). O autor começa por fazer referência aos "quarenta dias" que mediaram entre a ressurreição e a ascensão, durante os quais Jesus falou aos discípulos "a respeito do Reino de Deus" (o que parece estar em contradição com o Evangelho, onde a ressurreição e a ascensão são apresentados no próprio dia de Páscoa - cf. Lc 24). O número quarenta é, certamente, um número simbólico: é o número que define o tempo necessário para que um discípulo possa aprender e repetir as lições do mestre. Aqui define, portanto, o tempo simbólico de iniciação ao ensinamento do Ressuscitado.
As palavras de despedida de Jesus (vs. 4-8) sublinham dois aspectos: a vinda do Espírito e o testemunho que os discípulos vão ser chamados a dar "até aos confins do mundo". Temos resumida aqui a experiência missionária da comunidade de Lucas: o Espírito irá derramar-se sobre a comunidade crente e dará a força para testemunhar Jesus em todo o mundo, desde Jerusalém a Roma. Na realidade, trata-se do programa que Lucas vai apresentar ao longo do livro, posto na boca de Jesus ressuscitado. O autor quer mostrar com a sua obra que o testemunho e a pregação da Igreja estão entroncados no próprio Jesus e são impulsionados pelo Espírito.
o último tema é o da ascensão (vs. 9-11). Evidentemente, esta passagem necessita de ser interpretada para que, através da roupagem dos símbolos, a mensagem apareça com toda a claridade.
Temos, em primeiro lugar, a elevação de Jesus ao céu (v. 9a). Não estamos a falar de uma pessoa que, literalmente, descola da terra e começa a elevar-se; estamos a falar de um sentido teológico (não é o "repórter", mas sim o "teólogo" a falar): a ascensão é uma forma de expressar simbolicamente que a exaltação de Jesus é total e atinge dimensões supra-terrenas; é a forma literária de descrever o culminar de uma vida vivida para Deus, que agora reentra na glória da comunhão com o Pai.
Temos, depois, a nuvem (v. 9b) que subtrai Jesus aos olhos dos discípulos. Pairando a meio caminho entre o céu e a terra, a nuvem é, no Antigo Testamento, um símbolo privilegiado para exprimir a presença do divino (cf. Ex. 13,21.22; 14,19.24; 24,15b-18; 40,34-38). Ao mesmo tempo, simultaneamente esconde e manifesta: sugere o mistério do Deus escondido e presente, cujo rosto o Povo não pode ver, mas cuja presença adivinha nos acidentes da caminhada. Céu e terra, presença e ausência, luz e sombra, divino e humano, são dimensões aqui sugeridas a propósito de Cristo ressuscitado, elevado à glória do Pai, mas que continua a caminhar com os discípulos.
Temos ainda os discípulos a olhar para o céu (v. 10a). Significa a expectativa dessa comunidade que espera ansiosamente a segunda vinda de Cristo, a fim de levar ao seu termo o projeto de libertação do homem e do mundo.
Temos, finalmente, os dois homens vestidos de branco (v. 10b). O branco sugere o mundo de Deus, o que indica que o seu testemunho vem de Deus. Eles convidam os discípulos a continuar no mundo, animados pelo Espírito, a obra libertadora de Jesus; agora, é a comunidade dos discípulos que tem de continuar, na história, a obra de Jesus, embora com a esperança posta na segunda e definitiva vinda do Senhor.
O sentido fundamental da ascensão não é que fiquemos a admirar a elevação de Jesus; mas é convidar-nos a seguir o "caminho" de Jesus, olhando para o futuro e entregando-nos à realização do seu projeto de salvação no meio do mundo.

ATUALIZAÇÃO

+ A ressurreição/ascensão de Jesus garante-nos, antes de mais, que uma vida vivida na fidelidade aos projetos do Pai é uma vida destinada à glorificação, à comunhão definitiva com Deus. Quem percorre o mesmo "caminho" de Jesus subirá, como Ele, à vida plena.
+ A ascensão de Jesus recorda-nos, sobretudo, que Ele foi elevado para junto do Pai e nos encarregou de continuar a tornar realidade o seu projeto libertador no meio dos homens nossos irmãos. É essa a atitude que tem marcado a caminhada histórica da Igreja? Ela tem sido fiel à missão que Jesus, ao deixar este mundo, lhe confiou?
+ O nosso testemunho tem transformado e libertado a realidade que nos rodeia?
Qual o real impacto desse testemunho na nossa família, no local onde desenvolvemos a nossa atividade profissional, na nossa comunidade cristã ou religiosa?
+ É relativamente frequente ouvirmos dizer que os seguidores de Jesus gostam mais de olhar para o céu do que se comprometerem na transformação da terra. Estamos, efetivamente, atentos aos problemas e às angústias dos homens, ou vivemos de olhos postos no céu, num espiritualismo alienado? Sentimo-nos questionados pelas inquietações, pelas misérias, pelos sofrimentos, pelos sonhos, pelas esperanças que enchem o coração dos que nos rodeiam? Sentimo-nos solidários com todos os homens, particularmente com aqueles que sofrem?

2ª leitura - Ef. 1,17-23 – AMBIENTE

A carta aos Efésios é, provavelmente, um dos exemplares de uma "carta circular" enviada a várias igrejas da Ásia Menor, numa altura em que Paulo está na prisão (em Roma?). Q seu portador é um tal Tíquico. Estamos por volta dos anos 58/60.
Alguns vêem nesta carta uma espécie de síntese da teologia paulina, numa altura em que a missão do apóstolo está praticamente terminada no oriente.
Em concreto, o texto que nos é proposto aparece na primeira parte da carta e faz parte de uma ação de graças, na qual Paulo agradece a Deus pela fé dos efésios e pela caridade que eles manifestam para com todos os irmãos na fé.

MENSAGEM

À ação de graças, Paulo une uma fervorosa oração a Deus, para que os destinatários da carta conheçam "a esperança a que foram chamados" (v. 18). A prova de que o Pai tem poder para realizar essa "esperança" (isto é, conferir aos crentes a vida eterna como herança) é o que Ele fez com Jesus Cristo: ressuscitou-Q e sentou-Q à sua direita (v. 20), exaltou-Q e deu-Lhe a soberania sobre todos os poderes angélicos (Paulo está preocupado com a perigosa tendência de alguns cristãos em dar uma importância exagerada aos anjos, colocando-os até acima de Cristo - cf. Co. 1,6). Essa soberania estende-se, inclusive, à Igreja - o "corpo" do qual Cristo é a "cabeça". Q mais significativo deste texto é, precisamente, este último desenvolvimento. A ideia de que a comunidade cristã é um "corpo" - o "corpo de Cristo" - formado por muitos membros, já havia aparecido nas "grandes cartas", acentuando-se, sobretudo, a relação dos vários membros do "corpo" entre si (cf. 1Cor. 6,12-20; 10,16-17; 12,12-27; Rm. 12,3-8); mas, nas "cartas do cativeiro", Paulo retoma a noção de "corpo de Cristo" para refletir sobre a relação que existe entre a comunidade e Cristo.
Neste texto, em concreto, há dois conceitos muito significativos para definir o quadro da relação entre Cristo e a Igreja: o de "cabeça" e o de "plenitude" (em grego, "pleroma").
Dizer que Cristo é a "cabeça" da Igreja significa, antes de mais, que os dois formam uma comunidade indissolúvel e que há entre os dois uma comunhão total de vida e de destino; significa também que Cristo é o centro à volta do qual o "corpo" se articula, a partir do qual e em direção ao qual o "corpo" cresce, se orienta e constrói, a origem e o fim desse "corpo"; significa ainda que a Igreja/corpo está submetida à obediência a Cristo/cabeça: só de Cristo a Igreja depende e só a Ele deve obediência.
Dizer que a Igreja é a "plenitude" ("pleroma") de Cristo significa dizer que nela reside a "plenitude", a "totalidade" de Cristo. Ela é o receptáculo, a habitação, onde Cristo Se torna presente no mundo; é através desse "corpo" onde reside, que Cristo continua todos os dias a realizar o seu projeto de salvação em favor dos homens. Presente nesse "corpo", Cristo enche o mundo e atrai a Si o universo inteiro, até que o próprio Cristo "seja tudo em todos" (v. 23).

ATUALIZAÇÃO

+ Na nossa peregrinação pelo mundo, convém termos sempre presente "a esperança a que fomos chamados". A ressurreição/ascensão/glorificação de Jesus é a garantia da nossa própria ressurreição/glorificação. Formamos com Ele um "corpo" destinado à vida plena. Esta perspectiva tem de dar-nos a força de enfrentar a história e de avançar - apesar das dificuldades - nesse "caminho" do amor e da entrega total que Cristo percorreu.
+ Dizer que fazemos parte do "corpo de Cristo" significa que devemos viver numa comunhão total com Ele e que nessa comunhão recebemos, a cada instante, a vida que nos alimenta. Significa também viver em comunhão, em solidariedade total com todos os nossos irmãos, membros do mesmo "corpo", alimentados pela mesma vida. Estas duas coordenadas estão presentes na nossa existência?
+ Dizer que a Igreja é o "pleroma" de Cristo significa que temos a obrigação de testemunhar Cristo, de torná-l'O presente no mundo, de levar à plenitude o projeto de libertação que Ele começou em favor dos homens. Essa tarefa só estará acabada quando, pelo testemunho e pela ação dos crentes, Cristo for "um em todos".
(Nota: em vez desta leitura, pode-se escolher a seguinte leitura facultativa: Ef 4,1-13)

Evangelho - Mc. 16,15-20 – AMBIENTE

A perícope de Mc. 16,9-20 distingue-se, no conjunto do Evangelho segundo Marcos, por se apresentar com um estilo e com vocabulário muito diferentes do resto do texto. Aliás, os manuscritos mais importantes e mais antigos que conservaram este Evangelho concluíam o texto de Marcos em 16,8, com o medo das mulheres que, na manhã de Páscoa, encontraram o túmulo vazio. Provavelmente, foi assim que Marcos terminou o seu Evangelho, dando-lhe um final "aberto" e como que convidando o leitor a completar o relato com a sua própria experiência pessoal de seguimento de Jesus, superando o medo, "vendo" Jesus e dando testemunho d'Ele.
No entanto, este final pareceu deixar insatisfeitos os leitores de Marcos e apareceram várias tentativas de dar ao Evangelho segundo Marcos um final mais satisfatório. Algumas dessas tentativas estão, aliás, atestadas em diversos documentos antigos que nos transmitiram o texto do segundo Evangelho. De entre os diversos ''finais'' que apareceram, houve um que se impôs aos outros. Trata-se de um texto de meados do séc. II, que apresenta um resumo das aparições de Jesus ressuscitado contadas por outros evangelistas. Embora tardio e não redigido por Marcos, este "final" é, contudo, parte integrante da Escritura Sagrada. A Igreja reconhece-o como canônico, como inspirado por Deus e como Palavra de Deus.
O texto que nos é proposto é parte da perícope em causa. Os elementos apresentados no texto são pequenos resumos de relatos feitos por outros evangelistas. Assim, a aparição de Jesus ressuscitado aos Onze depende de Lc. 24,36-43 e de Jo 20,19-29; a definição da missão dos apóstolos depende de Mt. 28,16- 20 e de Lc. 24,44-49; o relato da Ascensão depende de Lc. 24,50-53 e de At. 1,4-11.
O quadro traçado pelo autor da perícope apresenta os discípulos a reagir de uma forma muito negativa ao fato de Jesus já não estar com eles. Na manhã da ressurreição, eles estavam "em luto e em pranto" (Mc 16,10); depois, receberam o testemunho das mulheres que encontraram Jesus ressuscitado, com incredulidade e com um coração obstinado (cf. Mc 16,14). Num caso e noutro, negam-se a ir em frente e a continuar a aventura que começaram com Jesus. Têm medo de arriscar e preferem ficar comodamente instalados a "lamber as feridas". É o anti-seguimento eD encontro com Jesus ressuscitado vai, porém, obrigá-los a sair do seu letargo e a assumir os seus compromissos e responsabilidades, como membros da comunidade do Reino.

MENSAGEM

A questão central abordada no nosso texto é a do papel dos discípulos no mundo, após a partida de Jesus ao encontro do Pai. O texto consta de três cenas: Jesus ressuscitado define a missão dos discípulos; Jesus parte ao encontro do Pai; os discípulos partem ao encontro do mundo, a fim de concretizar a missão que Jesus lhes confiou.
Na primeira cena (vs. 15-18), Jesus ressuscitado aparece aos discípulos, acorda-os da letargia em que se tinham instalado e define a missão que, doravante, eles serão chamados a desempenhar no mundo


A primeira nota do envio e do mandato que Jesus dá aos discípulos é a da universalidade DA missão dos discípulos destina-se a "todo o mundo" e não deverá deter-se diante de barreiras rácicas, geográficas ou culturais. A proposta de salvação que Jesus fez e que os discípulos devem testemunhar destina-se a toda a terra. Depois, Jesus define o conteúdo do anúncio: o "Evangelho". O que é o "Evangelho"? No Antigo Testamento (sobretudo no Deutero-Isaías e no Trito-Isaías), a palavra "evangelho" está ligada à "boa notícia" da chegada da salvação para o Povo de Deus. Depois, na boca de Jesus, a palavra "Evangelho" designa o anúncio de que o "Reino de Deus" chegou à vida dos homens, trazendo-lhes a paz, a libertação, a felicidade. Para os catequistas das primeiras comunidades cristãs, o "Evangelho" é o anúncio de um acontecimento único, capital, fundamental: em Jesus Cristo, Deus veio ao encontro dos homens, manifestou-lhes o seu amor, inseriu-os na sua família, convidou-os a integrar a comunidade do Reino, ofereceu-lhes a vida definitiva. Tal é o único e exclusivo "evangelho", a "boa notícia" que muda o curso da história e que transforma o sentido e os horizontes da existência humana.
O anúncio do "Evangelho" obriga os homens a uma opção. Quem aderir à proposta que Jesus faz, chegará à vida plena e definitiva ("quem acreditar e for batizado será salvo"); mas quem recusar essa proposta, ficará à margem da salvação ("quem não acreditar será condenado" - v. 16).
O anúncio do Evangelho que os discípulos são chamados a fazer vai atingir não só os homens, mas "toda a criatura". Muitas vezes o homem, guiado por critérios de egoísmo, de cobiça e de lucro, explora a criação, destrói esse mundo "bom" e harmonioso que Deus criou. Mas a proposta de salvação que Deus apresenta destina-se a transformar o coração do homem, eliminando o egoísmo e a maldade. Ao transformar o coração do homem, o "Evangelho" apresentado por Jesus e anunciado pelos discípulos vai propor uma nova relação do homem com todas as outras criaturas - uma relação não mais marcada pelo egoísmo e pela exploração, mas pelo respeito e pelo amor. Dessa forma, nascerá uma nova humanidade e uma nova natureza.
A presença da salvação de Deus no mundo tornar-se-á uma realidade através dos gestos dos discípulos de Jesus comprometidos com Jesus, os discípulos vencerão a injustiça e a opressão ("expulsarão os demônios em meu nome"), serão arautos da paz e do entendimento dos homens ("falarão novas línguas"), levarão a esperança e a vida nova a todos os que sofrem e que são prisioneiros da doença e do sofrimento ("quando impuserem as mãos sobre os doentes, eles ficarão curados"); e, em todos os momentos, Jesus estará com eles, ajudando-os a vencer as contrariedades e as oposições.
Na segunda cena (v. 19), Jesus sobe ao céu e senta-Se à direita de Deus. A elevação de Jesus ao céu (ascensão) é uma forma de sugerir que, após o cumprimento da sua missão no meio dos homens, Jesus foi ao encontro do Pai e reentrou na comunhão do Pai.
A entronização de Jesus "à direita de Deus" mostra, por sua vez, a veracidade da proposta de Jesus. Na concepção dos povos antigos, aquele que se sentava à direita de Deus era um personagem distinto, que o rei queria honrar de forma especial D Jesus, porque cumpriu com total fidelidade o projeto de Deus para os homens, é honrado pelo Pai e sentado à sua direita. A proposta que Jesus apresentou, que os discípulos acolheram e que vão ser chamados a testemunhar no mundo, não é uma aventura sem sentido e sem saída, mas é o projeto de salvação que Deus quer oferecer aos homens.
Na terceira cena (v. 20), descreve-se resumidamente a ação missionária dos discípulos: eles partiram (quer dizer, deixaram para trás as seguranças e afetos humanos por causa da missão) a pregar (quer dizer, a anunciar com palavras e com gestos concretos essa vida nova que Deus ofereceu aos homens através de Jesus) por toda a parte (propondo a todos os homens, sem exceção, a proposta salvadora de Deus).
O autor desta catequese assegura aos discípulos que não estão sozinhos ao longo durante a missão. Jesus, vivo e ressuscitado, está com eles, coopera com eles e manifesta-Se ao mundo nas palavras e nos gestos dos discípulos.
A festa da Ascensão de Jesus é, sobretudo, o momento em que os discípulos tomam consciência da sua missão e do seu papel no mundo. A Igreja (a comunidade dos discípulos, reunida à volta de Jesus, animada pelo Espírito) é, essencialmente, uma comunidade missionária, cuja missão é testemunhar no mundo a proposta de salvação e de libertação que Jesus veio trazer aos homens.

ATUALIZAÇÃO

+ Jesus foi ao encontro do Pai, depois de uma vida gasta ao serviço do "Reino"; deixou aos seus discípulos a missão de anunciar o "Reino" e de torná-lo uma proposta capaz de renovar e de transformar o mundo. Celebrar a ascensão de Jesus significa, antes de mais, tomar consciência da missão que foi confiada aos discípulos e sentir-se responsável pela presença do "Reino" na vida dos homens. Estou consciente de que a Igreja - a comunidade dos discípulos de Jesus, a que eu pertenço também - é hoje a presença libertadora e salvadora de Jesus no meio dos homens? Como é que eu procuro testemunhar o "Reino" na minha vida de todos os dias - em casa, no trabalho ou na escola, na paróquia, na comunidade religiosa?
+ A missão que Jesus confiou aos discípulos é uma missão universal: as fronteiras, as raças, a diversidade de culturas não podem ser obstáculos para a presença da proposta libertadora de Jesus no mundo. Tenho consciência de que a missão que foi confiada aos discípulos é uma missão universal? Tenho consciência de que Jesus me envia a todos os homens - sem distinção de raças, de etnias, de diferenças religiosas, sociais ou econômicas - a anunciar-lhes a libertação, a salvação, a vida definitiva? Tenho consciência de que sou responsável pela vida, pela felicidade e pela liberdade de todos os meus irmãos - mesmo que eles habitem no outro lado do mundo?
+ Tornar-se discípulo é, em primeiro lugar, aprender os ensinamentos de Jesus - a partir das suas palavras, dos seus gestos, da sua vida oferecida por amor. É claro que o mundo do século XXI apresenta, todos os dias, desafios novos; mas os discípulos, formados na escola de Jesus, são convidados a ler os desafios que hoje o mundo coloca, à luz dos ensinamentos de Jesus. Preocupo-me em conhecer bem os ensinamentos de Jesus e em aplicá-los à vida de todos os dias?
+ No dia em que fui batizado, comprometi-me com Jesus e vinculei-me com a comunidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo. A minha vida tem sido coerente com esse compromisso?
+ É um tremendo desafio testemunhar, hoje, no mundo os valores do "Reino" (esses valores que, muitas vezes, estão em contradição com aquilo que o mundo defende e que o mundo considera serem as prioridades da vida). Com frequência, os discípulos de Jesus são objeto da irrisão e do escárnio dos homens, porque insistem em testemunhar que a felicidade está no amor e no dom da vida; com frequência, os discípulos de Jesus são apresentados como vítimas de uma máquina de escravidão, que produz escravos, alienados, vítimas do obscurantismo, porque insistem em testemunhar que a vida plena está no perdão, no serviço, na entrega da vida. O confronto com o mundo gera muitas vezes, nos discípulos, desilusão, sofrimento, frustração. Nos momentos de decepção e de desilusão convém, no entanto, recordar as palavras de Jesus: "Eu estarei convosco até ao fim dos tempos". Esta certeza deve alimentar a coragem com que testemunhamos aquilo em que acreditamos.

Jesus espera-nos no céu

I. SEGUNDO O EVANGELHO de São Lucas, o último gesto de Jesus Cristo na terra foi uma bênção1. Os Onze tinham partido da Galiléia e ido ao monte que Jesus lhes indicara, o monte das Oliveiras, perto de Jerusalém. Os discípulos, ao verem novamente Aquele que havia ressuscitado, adoraram-no2, prostraram-se diante dEle como seu Mestre e seu Deus. Agora estão muito mais profundamente conscientes daquilo que já muito tempo antes tinham no coração e haviam confessado: que o seu Mestre era o Messias3.
O Mestre fala-lhes com a majestade própria de Deus: Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra4. Jesus confirma a fé dos que o adoram e ensina-lhes que o poder que irão receber deriva do próprio poder divino. A faculdade de perdoar os pecados, a de renascer para uma vida nova mediante o Batismo... são o próprio poder de Cristo que se prolonga na Igreja. Esta é a missão da Igreja: continuar para sempre a obra de Cristo, ensinar aos homens as verdades sobre Deus e as exigências que essas verdades trazem consigo, ajudá-los com a graça dos sacramentos... Jesus diz-lhes: O Espírito Santo descerá sobre vós e sereis minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria e até os confins do mundo.
Dizendo isto, elevou-se da terra à vista deles, e uma nuvem o ocultou5. Assim nos descreve São Lucas a Ascensão na primeira leitura da Missa de hoje.
Foi-se elevando pouco a pouco. Os Apóstolos permaneceram um longo tempo olhando para Jesus que ascendia ao céu com toda a majestade, enquanto lhes dava a última bênção, até que uma nuvem o ocultou. Era a nuvem que acompanhava a manifestação de Deus6: “Era um sinal de que Jesus tinha entrado já nos céus”7.
A vida de Jesus na terra não termina com a sua morte na Cruz, mas com a Ascensão aos céus. É o último mistério da vida do Senhor aqui na terra. É um mistério redentor, que constitui, com a Paixão, a Morte e a Ressurreição, o mistério pascal. Convinha que os que tinham visto Cristo morrer na Cruz, entre os insultos, desprezos e escárnios, fossem testemunhas da sua exaltação suprema. Cumprem-se agora diante dos seus olhos as palavras que um dia o Senhor lhes tinha dito: Subo para meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus8.
Contemplamos a Ascensão do Senhor aos céus no segundo mistério glorioso do Santo Rosário. “Jesus foi para o Pai. – Dois anjos de brancas vestes se aproximam de nós e nos dizem: Homens da Galiléia, que fazeis olhando para o céu? (Act., I, 11)
“Pedro e os restantes voltam para Jerusalém – cum gaudio magno – com grande alegria (Luc., XXIV, 52). – É justo que a Santa Humanidade de Cristo receba a homenagem, a aclamação e a adoração de todas as hierarquias dos Anjos e de todas as legiões dos bem-aventurados da Glória”9.
II. “HOJE NÃO SÓ FOMOS constituídos possuidores do paraíso – ensina São Leão Magno nesta solenidade –, mas com Cristo ascendemos, mística mas realmente, ao mais alto dos céus, e conseguimos por Cristo uma graça mais inefável que a que havíamos perdido”10.
A Ascensão fortalece e estimula a nossa esperança de alcançarmos o Céu e incita-nos constantemente a levantar o coração a fim de procurarmos as coisas que são do alto, como nos sugere o Prefácio da Missa. Agora a nossa esperança é muito grande, pois o próprio Cristo foi preparar-nos uma morada11.
O Senhor está já no Céu com o seu Corpo glorificado, com os sinais do seu Sacrifício redentor12, com as marcas da Paixão que Tomé pôde contemplar e que clamam pela salvação de todos nós. A Humanidade Santíssima do Senhor tem já no Céu o seu lugar natural, mas Ele, que deu a sua vida por cada um, espera-nos ali. “Cristo espera-nos. Vivemos já como cidadãos do céu (Phil III, 20), sendo plenamente cidadãos da terra, no meio das dificuldades, das injustiças, das incompreensões, mas também no meio da alegria e da serenidade que nos dá sabermo-nos filhos amados de Deus [...]. E se, apesar de tudo, a subida de Jesus aos céus nos deixar na alma um travo de tristeza, recorramos à sua Mãe, como fizeram os Apóstolos: Tornaram então a Jerusalém... e oravam unanimemente... com Maria, a Mãe de Jesus (Act I, 12-14)”13.
A esperança do Céu encherá de alegria o nosso peregrinar diário. Imitaremos os Apóstolos que “tiraram tanto proveito da Ascensão do Senhor que tudo quanto antes lhes causava medo, depois se converteu em gozo. A partir daquele momento, elevaram toda a contemplação das suas almas à divindade que está à direita do Pai; a perda da visão do corpo do Senhor não foi obstáculo para que a inteligência, iluminada pela fé, acreditasse que Cristo, mesmo descendo até nós, não se tinha afastado do Pai e, com a sua Ascensão, não se separou dos seus discípulos”14.
III. ENQUANTO OLHAVAM atentamente para o céu à medida que Ele se afastava, eis que lhes apareceram dois homens vestidos de branco que lhes disseram: Homens da Galiléia, por que ficais aí a olhar para o céu? Este Jesus que acaba de vos deixar para subir ao céu voltará do mesmo modo que o vistes subir15.
“Tal como os Apóstolos, ficamos meio admirados, meio tristes ao ver que Ele nos deixa. Na realidade, não é fácil acostumarmo-nos à ausência física de Jesus. Comove-me recordar que Jesus, num gesto magnífico de amor, foi-se embora e ficou; foi para o Céu e entrega-se a nós como alimento na Hóstia Santa. Sentimos, no entanto, a falta da sua palavra humana, da sua forma de atuar, de olhar, de sorrir, de fazer o bem. Gostaríamos de voltar a vê-lo de perto, quando se senta à beira do poço, cansado da dura caminhada (cfr. Jo. 4, 6), quando chora por Lázaro (cfr. Jo. 11, 35), quando se recolhe em prolongada oração (cfr. Lc. 6, 12), quando se compadece da multidão (cfr. MT. 15, 32; Mc. 8, 2).
“Sempre me pareceu lógico – e me cumulou de alegria – que a Santíssima Humanidade de Jesus Cristo subisse à glória do Pai. Mas penso também que esta tristeza, própria do dia da Ascensão, é uma manifestação do amor que sentimos por Jesus, Senhor Nosso. Sendo perfeito Deus, Ele se fez homem, perfeito homem, carne da nossa carne e sangue do nosso sangue. E separa-se de nós, indo para o céu. Como não havíamos de notar a sua falta?”16
Os Anjos dizem aos Apóstolos que é hora de começar a imensa tarefa que os espera, e que não devem perder um só instante. Com a Ascensão termina a missão terrena de Cristo e começa a dos seus discípulos, a nossa. E hoje, na nossa oração, é bom que ouçamos de novo as palavras com que o Senhor intercede diante de Deus Pai por nós: Não peço que os tires do mundo, do nosso ambiente, do nosso trabalho, da família..., mas que os preserves do mal17. Porque o Senhor quer que cada um no seu lugar continue a tarefa de santificar o mundo, para melhorá-lo e colocá-lo aos seus pés: as almas, as instituições, as famílias, a vida pública... Porque só assim o mundo será um lugar em que se valoriza e se respeita a dignidade humana, em que se pode conviver em paz, com essa paz verdadeira que está tão ligada à união com Deus.
“Recorda-nos a festa de hoje que o zelo pelas almas é um mandamento amoroso do Senhor: ao subir para a sua glória, Ele nos envia pelo orbe inteiro como suas testemunhas. Grande é a nossa responsabilidade, porque ser testemunha de Cristo implica, antes de mais nada, procurar comportar-se segundo a sua doutrina, lutar para que a nossa conduta recorde Jesus e evoque a sua figura amabilíssima”18.
Os que convivem ou se relacionam conosco devem aperceber-se da nossa lealdade, sinceridade, alegria, laboriosidade; temos de comportar-nos como pessoas que cumprem com retidão os seus deveres e sabem atuar como filhos de Deus nas pequenas situações de cada dia. As próprias normas correntes da convivência, que para muitos não passam de algo externo, necessário apenas para o relacionamento social – os cumprimentos, a cordialidade, o espírito de serviço... – devem ser fruto da caridade, manifestações de uma atitude interior de interesse pelos outros.
Jesus parte, mas permanece muito perto de cada um. De modo especial encontramo-lo no Sacrário mais próximo, talvez a menos de uma centena de metros do lugar onde vivemos ou trabalhamos. Não deixemos de procurá-lo com freqüência, ainda que na maioria das vezes só possamos fazê-lo com o coração, para dizer-lhe que nos ajude na tarefa apostólica, que conte conosco para estender a sua doutrina por todos os ambientes.
Os Apóstolos voltaram a Jerusalém em companhia de Santa Maria. Juntamente com Ela, esperam a chegada do Espírito Santo. Disponhamo-nos nós, nestes dias, a preparar a próxima festa de Pentecostes muito unidos a Nossa Senhora.

Francisco Fernández-Carvajal


1. Os estudiosos da Bíblia concordam em afirmar que Mc. 16,6-20 não é de Marcos. Esses versículos existiam à parte, como um dos relatos pós-pascais. Foram, mais tarde, anexados ao evangelho de Marcos, talvez para atenuar a maneira incomum com que Marcos encerra sua obra.
2. Esse apêndice, contudo, está em íntima sintonia com o evangelho. De fato, os versículos hoje propostos à nossa reflexão falam do mandato de Jesus aos discípulos:
- eles deverão anunciar o evangelho a todos (vv. 15-18), como Jesus tinha feito;
- depois, Jesus é levado ao céu (v. 19);
- a seguir, os discípulos saem a pregar, ajudados pelo Senhor (v. 20).
3. Em outras palavras não há ruptura entre a missão de Jesus e a dos discípulos. A história de Jesus continua no testemunho da comunidade. E é importante não esquecer que, – apesar de ter-se sentado à direita de Deus (v. 19), – Jesus continua caminhando nas estradas da humanidade, nos passos e ensinamentos dos discípulos (v. 20). Isso nos leva a afirmar que a ascensão de Jesus não nos priva de sua presença; pelo contrário, oferece-nos novos modos de senti-lo e de encontrá-lo.
4. O texto de hoje inicia com a ordem de Jesus: “vão pelo mundo inteiro e anunciem o evangelho a toda criatura!” (v. 15). Começa, assim, definitivamente o tempo da comunidade cristã.
5. No evangelho de Marcos, Jesus se apresenta anunciando o Evangelho (cf. 1,14). Os discípulos, portanto, darão sequência ao que Jesus fez, ampliando o campo de ação:
- em 1,14 – Jesus anuncia o evangelho na Galileia;
- em 16,15 – os discípulos deverão fazê-lo pelo mundo inteiro e a toda criatura.
6. O evangelho de hoje conclui que os discípulos saíram (-segundo a ordem do Senhor) e anunciaram por toda parte (v. 20a) o que o Mestre anunciou: a boa notícia do mundo novo inaugurado com Jesus. Esta será a tarefa da comunidade cristã.
7. Se os vv. 15.20a insistiam na palavra “anunciar”, o v. 16 enfatiza o resultado do anúncio: a fé que ele suscita. O anúncio provoca decisão: crer ou não crer. Também nesse aspecto encontramos ressonância desse versículo nas primeiras palavras de Jesus (Mc. 1,15: creiam no evangelho). A pregação de Jesus leva as pessoas à resposta na fé; o anúncio dos discípulos tem – como resultado – provocar a fé que conduz à salvação: ”quem crer e for batizado será salvo. Quem não crer será condenado” (v. 16).
8. Os vv. 17-18 falam de sinais que acompanharão os que acreditarem (= todos os que aderirem a Jesus na fé)
8.1. – os dois primeiros sinais (expulsar demônios em nome de Jesus e falar novas línguas - v. 17) mostram que a ação é libertadora e comunicadora do mundo novo. De fato, o primeiro milagre que Jesus realiza em Marcos é o da expulsão de um espírito mau (1,21-28; cf. 1,32-34). Com esse gesto, e por força de sua palavra, Jesus vence e elimina tudo o que despersonaliza, oprime e marginaliza as pessoas, falando-lhes a nova linguagem da vida e liberdade. Assim deverão fazer os que tiverem fé em Jesus: libertar as pessoas de todo tipo de alienação.
8.2. – o terceiro e quarto sinais (pegar serpentes ou beber veneno mortal – v. 18a) falam dos confrontos e conflitos suscitados pela fé. Quem anuncia o projeto de Deus sofre oposições imprevistas e veladas (serpentes) ou evidentes e abertas (tentativa de matar os discípulos por envenenamento). Com Jesus foi assim; já em 3,6 do evangelho de Marcos, sua morte fora decretada. Os discípulos não terão sorte diferente. Contudo, o Pai não permitiu que a morte de Jesus tivesse a última palavra. Assim também, ele agirá em favor dos fiéis.
8.3. O quinto sinal (impor as mãos sobre os doentes, curando-os – v. 18b), à semelhança do primeiro e segundo sinais (v. 17), põe os discípulos em estreita comunhão com a prática de Jesus, que optou pelos sofredores, curando-os (cf. 1,34.40-45).
9. O v. 19 marca o fim do caminho de Jesus: ”depois de falar aos discípulos, o Senhor Jesus foi levado ao céu, e sentou-se à direita de Deus”. Agora é a vez dos discípulos e da comunidade re-fazer os passos e ações de Jesus: re-construir o caminho e construir a história.
10. Jesus supera as barreiras do tempo e espaço; está sentado à direita de Deus, mas ao mesmo tempo, ajuda os discípulos, provando, – por meio dos sinais que os acompanham, – que o ensinamento deles é verdadeiro (v. 20b). O tempo da salvação e do Reino de Deus (cf. 1,154) não se fechou; pelo contrário, abriu-se universalmente através da ação de quem crê em Jesus e se torna seu representante em meio aos conflitos.

1ª leitura: At. 1,1–11

11. Atos dos Apóstolos é o segundo livro de Lucas. Com ele o evangelista quer mostrar que os ensinamentos e ações de Jesus continuam nos ensinamentos e ações dos cristãos. Portanto, o livro dos Atos não é um manual de história da Igreja, mas sim o prolongamento da prática do Senhor na vida da comunidade cristã.
12. No evangelho temos a práxis de Jesus, nos Atos temos a práxis apostólica cristã. Assim, quem deseja ser Teo-filo (= amigo de Deus) tem na práxis de Jesus e de seus seguidores as linhas-mestras de inspiração e conduta. A garantia dos dois momentos é o Espírito Santo (v. 2) que esteve presente em Jesus e está presente na comunidade cristã.
13. Toda ação da comunidade está ancorada na experiência do Cristo Ressuscitado:
- “foi a eles que Jesus se mostrou vivo depois da sua paixão, com numerosas provas” (v. 3);
- tem o aval do Pai, cuja promessa se realiza em Jesus e na comunidade (v.4b)
- por meio da efusão do Espírito (v. 5),
- que levará a comunidade a identificar sua práxis com a de Jesus.
14. Lucas fala de “quarenta dias” (v. 3b) durante os quais Jesus apareceu e falou aos discípulos sobre o Reino de Deus. O fato não tem caráter cronológico, mas teológico – catequético: a prática cristã nasce da experiência concreta de intimidade e comunhão (= a refeição – v. 4a) com o Senhor Ressuscitado. Dessa intimidade nasce o testemunho cristão, a missão, a evangelização. E a garantia de sucesso está no batismo do Espírito Santo, que é memória continuamente renovada e atualizada do que fez e disse Jesus (cf. Jo 14,26).
15. A pergunta dos discípulos (v. 6) revela a ânsia da comunidade cristã, a fim de que o projeto de Deus se realize completamente. Estão curiosos em saber se existe um limite, uma data até onde se possa resistir e lutar … e depois ” descansar “, sem que haja mais nada a fazer.
16. A resposta de Jesus traz duas indicações: a primeira afirma que o projeto de Deus não depende de uma data histórica: ” não cabe a vocês saber os tempos e as datas” (v. 7) . A segunda é consequência da primeira e manifesta qual deve ser a autêntica preocupação da comunidade: sob a ação da força do Espírito, testemunhar (v. 8) a práxis de Jesus. O projeto de Deus não depende de teorias ou conjecturas, mas do testemunho que atualize o que Jesus fez e disse.
17. Testemunho é como um fio que amarra juntos os dois livros de Lucas. De fato, o evangelho dele se encerra falando desse “testemunho” (24,48). E aqui Jesus renova o compromisso dos discípulos (v. 8b). Nos Atos, após Pentecostes, eles não cessam de repetir que são testemunhas (At. 2,32; 3,15; 4,33; 5,32; 13,3; 22,15). A palavra testemunho é a palavra-chave. Em palavras e ações, prolongam a práxis de Jesus. O testemunho, segundo os Atos, vai se espalhando a partir de Jerusalém, onde Jesus deu o testemunho final com a morte e ressurreição, atinge a Judeia e a Samaria (At. 8,1-8) e chega aos confins do mundo (as viagens de Paulo). O projeto de Deus está aberto e ao alcance de todos.
18. Depois… Jesus foi levado ao céu! O v. 9 fala do arrebatamento de Jesus. A referência à nuvem – símbolo teofânico – nos diz que Jesus pertence definitivamente à esfera de Deus. É a certeza da comunidade de que Jesus cumpriu perfeitamente a vontade do Pai. Contudo, não basta sabê-lo. Torna-se necessário descruzar os braços, deixar de olhar passivamente para o céu, encarar a realidade que nos cerca, perceber que somos todos “homens da Galileia”, comprometidos com o testemunho de Jesus (vv. 10-11).
19. Versículo 11b: E a volta de Jesus? Lucas está falando de parusia ou de teofania? Quando voltará Jesus? No fim dos tempos ou no Pentecostes que leva a comunidade cristã a ser epifania sua, mediante o testemunho? O que importa mesmo, portanto, é a comunidade ser epifania de Jesus mediante seu testemunho!

2ª leitura: Ef. 1,17–23

20. A carta aos Efésios é um texto de Paulo (ou um discípulo dele) dirigido às comunidades dos arredores de Éfeso. Paulo não conheceu essas comunidades. Ele esteve em Éfeso (cf. At. 19-20), onde deu início a uma comunidade cristã, que, por sua vez, fez surgir as comunidades dos arredores.
21. Paulo estava preso e teve conhecimento dessas comunidades, de sua firmeza na fé, do amor que unia a todos na esperança em meio às lutas. Mas ficou sabendo também dos riscos trazidos pelas filosofias do tempo que pregavam um Deus afastado e ausente da vida humana. E era só através de entidades intermediárias (soberanias, poderes, forças, dominações) que se poderia ter acesso a Deus. E Jesus também não passaria de uma dessas entidades intermediárias.
22. Nosso texto pertence à ação de graças e súplica que Paulo faz a Deus por causa dessas comunidades (1,15-23). Dá graças pela fé (adesão a Jesus) e pelo amor (-resposta da fé, que se visualiza no amor solidário) encontrado nos fiéis.
23. E suplica. O conteúdo da súplica é uma espécie de credo cristão. Pela fé e solidariedade os cristãos penetram sempre mais no ser de Deus que está próximo e presente na comunidade. Contudo, é preciso conhecê-lo (v. 17) e conhecer a esperança à qual a comunidade foi chamada (v. 18a).
24. A glória de Deus.
Paulo fala da glória de Deus e emprega outros termos, como potência, eficácia, poder e força, que ampliam a idéia de glória de Deus (… um texto muito denso).
- Longe de ser distante da humanidade, o Deus dos cristãos é um Deus cuja glória depende do fato de existir como Deus da comunidade.
- A glória de Deus é sua ação concreta na história, na vida da comunidade cristã, que prolonga a morte e ressurreição de Jesus.
- Em Jesus, Deus fez conhecer sua glória, mostrando-se tão próximo à humanidade, a ponto de eleger a comunidade cristã como o Corpo de Cristo, a plenitude de Cristo, que preenche tudo em todo o universo (v. 23).
25. Paulo não polemiza contra as entidades intermediárias. Simplesmente mostra às comunidades: – que existe um único Senhor,
- que realizou o projeto do Pai,
- e que esse Senhor está presente na história.
A comunidade cristã é o espaço no qual se revela o projeto de Deus, a realeza absoluta do Cristo Ressuscitado.

R e f l e t i n d o




1. O evangelho de hoje é quase um resumo dos Atos dos Apóstolos. O Cristo glorioso confia aos apóstolos a missão e já prediz aquilo que o livro dos Atos descreve com relação a essa missão: o poder de Cristo acompanha seus discípulos na pregação. O texto insiste mais nos sinais que acompanham a palavra do que no conteúdo da mesma palavra.
2. “Deus estava com eles”. O Senhor glorioso, estabelecido no “poder”, dá uma força incrível aos que pregam o seu “nome” (16,17b; cf. At. 3). Isso continua verdade ainda hoje. A evangelização hoje é acompanhada por sinais que causam tanta admiração quanto os “milagres” descritos em Mc. 16,17-18:
- pessoas que conseguem livrar–se do vício, do fascínio do lucro;
- comunidades que se baseiam não na competição, mas na comunhão;
- apóstolos que parecem abolir as fronteiras humanas;
- pessoas que, sem serem complexadas, vivem o matrimônio (ou a virgindade) em fidelidade. Será que tudo isso é menos significativo do que pegar em cobras ou beber veneno?
3. O evangelho não depende de sinais. Mas, onde há fogo, sai fumaça: a presença do evangelho não pode deixar de chamar a atenção. Transforma a realidade lá onde menos se espera. A Ascensão de Cristo ao céu nos torna os encarregados da missão à qual ele preside, agora em sua glória. Manifestamos seu nome, e os sinais confirmam o seu “poder”, que se encarna na pregação do evangelho. O evangelho não deixa nunca as coisas como estão. Essa é a mensagem de hoje.
4. Depois da ressurreição, Jesus deixou sua missão terrena e subiu aos céus, confiando sua missão aos seus. E o “Senhor cooperava com eles”. Depois da Páscoa, tudo mudou. Antes, Jesus era o profeta rejeitado; depois ele apareceu entrando na glória do Pai – que assim mostrou aos discípulos que Jesus teve razão naquilo que ensinou e realizou.
5. Antes, Jesus chamava os discípulos para serem seus colaboradores; depois, ele é quem “coopera com eles”, pois agora sua obra está nas mãos deles. Jesus encerra sua atividade terrena e entrega sua missão aos discípulos. E ordenou-lhes: “Ide pelo mundo inteiro e anunciai o evangelho a toda criatura”. Mas prometeu-lhes forças extraordinárias para cumprirem sua missão. Quem se empenha de corpo e alma – pela causa de Deus – faz maravilhas, enquanto o acomodado nada consegue.
6. Movidos pelo amor ao Senhor, os apóstolos se jogaram na pregação e coisas inimagináveis aconteceram. E ficamos ainda hoje, admirados do que fizeram. Por exemplo: José de Anchieta, Teresa de Calcutá, Francisco de Assis, e tantos mais…
7. A festa da Ascensão do Senhor nos ensina a fazer de Jesus realmente ” o Senhor da nossa vida” e a arriscar tudo para levara sua missão adiante – sem se preocupar com o que virá pela frente …. pois ele coopera conosco (muito mais do que imaginamos!).
8. …e coopera de modo extraordinário! Não que o extraordinário em si seja uma prova da divindade. O extraordinário muitas vezes alimenta o sensacionalismo, o exótico, o fantástico, que chama a atenção. Ora, na pregação o extraordinário tem simplesmente a função de sinal quando mostra o Espírito do Ressuscitado a impulsionar o mensageiro, quando faz reconhecer Jesus como Senhor e como aquele que coopera com seus seguidores, como aquele que tem força para mudar o mundo, quando os seus se empenham por isso.
9. Mas esse poder não serve para a glória própria! Serve para o amor, serve para o projeto pelo qual Jesus deu a vida. Não se pode esquecer de que Jesus veio para servir e dar a vida, não para conquistar e ter mais e mais… poder. Veio para manifestar o amor do Pai. O extra-ordinário na evangelização serve para manifestar que o amor de Deus, tornado visível em Jesus Cristo, tem sempre a última palavra.
10. Há grupos que fazem tanta questão de fatos extraordinários… de milagres a toda hora … apostam tudo e toda mensagem em coisas sensacionais. Esquecem-se de que o extraordinário é apenas um sinal (que pode existir ou não) e não a causa principal que está em jogo. Trocam a mensagem pelo milagre. Se não houver milagre… nada feito… Deus não age e não pode ser encontrado. Alguns ficam tão “deslumbrados” que fazem mais milagres do que o mesmo Jesus fez. Será que alguma coisa não está errada? Será que é isto que Jesus quis e quer ao enviar os discípulos a pregar o Reino de Deus?
11. Extraordinário mesmo é apresentar o projeto que Jesus trouxe, a causa que ele abraçou. E essa causa é o amor de Cristo que nos impulsiona.
12. Só para lembrar algumas coisas que deveras seriam extraordinárias hoje:
- transformar as estruturas de nossa sociedade enferrujada em seu egoísmo;
-alcançar a vitória da justiça sobre a corrupção;
- a vitória da vida sobre as enfermidades;
- a vitória da solidariedade sobre o individualismo;
- a vitória da dignidade da vida sobre as muitas formas de degeneração, degradação e vício… Extraordinário mesmo é o que, nas circunstâncias mais contrárias, fala desse amor. Aí “Ele” aparece cooperando conosco.
13. A atitude de ficar olhando para o céu nos lembra Eliseu, recebendo o espírito de Elias (2Rs. 2,11). E nós? Nós já olhamos para o céu e recebemos o Espírito. Está na hora de continuar a missão e o amor de Jesus no meio do mundo. Jesus nos prometeu a força do Espírito Santo. Essa força é a confirmação de que ele continua conosco. A comunidade continuará agindo na história segundo o Espírito de Jesus.
14. “Pai Santo, guarda-os no teu nome para que sejam um como nós … quando eu estava com eles, eu os guardava em teu nome… não peço que os tires do mundo, mas que os livres do maligno … como Tu, Pai, estás em mim e eu em ti, que eles estejam em nós, para que o mundo creia que me enviaste” (Jo 17,11.12.15.21).
Prof. Ângelo Vitório Zambon

A vida em Deus Mc. 16,15-20

Neste domingo quero refletir com o leitor sobre três realidades: a Ascensão do Senhor; o Dia Mundial das Comunicações Sociais; a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos.
A Ascensão: celebrar a solenidade da Ascensão é levar o ser humano a pensar no seu destino de homem novo, renascido pelo batismo para uma vida nova. A Ascensão de Cristo é a nossa ascensão. O Cristo que sobe para junto do Pai permanece junto de nós na força do Espírito Santo. E confia-nos a missão de ser seus continuadores. Se queremos participar com ele da vida eterna precisamos, como Ele e com Ele, realizarmos a tarefa de construirmos uma sociedade nova.
Na missão nos é dado realizar os “sinais” de vida:
Expulsar demônios: é combater o poder do mal que estraga a vida. A vida de muita gente ficou melhor pelo fato de ter entrado na comunidade e de ter começado a viver a Boa Nova da presença de Deus em sua vida. Precisamos trabalhar com a força do Espírito Santo contra as forças do mal que acomete as pessoas. Expulsar os demônios da exploração, da mentira, do consumismo, da dominação, do orgulho, da falsidade, da inveja, da ambição, do comodismo, da omissão.
b.Falar novas línguas: é começar a comunicar-se com os outros de maneira nova. Às vezes, encontramos uma pessoa que nunca vimos antes, mas parece que já nos conhecemos há muito tempo. É porque falamos a mesma língua, a língua do amor. Aquela palavra que conforta, que encoraja, que anima. Fazer com que prevaleça essa linguagem, que todos entendem.
Vencer o veneno: há muita coisa que envenena a convivência. Muita fofoca que estraga o relacionamento entre as pessoas. Quem vive a presença de Deus dá a volta por cima e consegue não ser molestado por este veneno terrível. Há muita coisa envenenada que quer tirar nossa alegria, nossa fé; que quer nos impedir de servir melhor as pessoas. Pedirmos ao Senhor que nos livre desse veneno.
Curar os doentes: em todo canto onde aparece uma consciência mais clara e viva da presença de Deus aparece também um cuidado especial para com as pessoas excluídas e marginalizadas, sobretudo para com os doentes. Aquilo que mais favorece a cura é a pessoa sentir-se acolhida e amada. Nossa sociedade está doente: falta amor, carinho, acolhida. Vamos tornar nossa comunidade mais acolhedora. Olhemos com mais carinho aqueles que não podem vir à igreja, os doentes e idosos. Tanta gente esperando nossa presença que cura e conforta!
Dia Mundial das Comunicações Sociais: nesse dia seria bom examinarmos como está nossa comunicação. A começar dentro de nossa casa. Estamos nos entendendo? Paramos para escutar. Comunicamos nossas idas e vindas? Depois, por onde ‘navego’ nas redes sociais? A que programas de TV assisto? Que sites visito? Que tipo de comunicação e relacionamento estabeleço no Facebook, no Orkut etc? As redes sociais são um importante instrumento de comunicação e evangelização. Mas é preciso saber utilizá-los.
O Papa, na Mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais, fala da importância do silêncio na comunicação: “O silêncio é parte integrante da comunicação e, sem ele, não há palavras densas de conteúdo. No silêncio, escutamo-nos e conhecemo-nos melhor a nós mesmos, nasce e aprofunda-se o pensamento, compreendemos com maior clareza o que queremos dizer ou aquilo que ouvimos do outro, discernimos como exprimir-nos. Calando, permite-se à outra pessoa que fale e se exprima a si mesma, e permite-nos a nós não ficarmos presos par falta da adequada confrontação às palavras e às idéias”.
Finalmente gostaria de lembrar um acontecimento fundante na Igreja e para a Igreja: A Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos: 20 a 27 de maio de 2012. O lema bíblico deste ano é: “Todos seremos transformados pela vitória de nosso Senhor Jesus Cristo” [1Cor. 15,51-58]. Cada um é chamado a transformar a realidade onde vive e a construir um mundo melhor. Temos diante de nós muitos desafios, oremos e mostremos sinais concretos na busca de superação! Sobretudo na busca de superação do preconceito, das distâncias sociais, econômicas e religiosas. A novena ao Espírito Santo deveria ser um tempo forte de buscar maior unidade entre nós, a começar em nossa própria comunidade.
Celebrar a Ascensão do Senhor é viver com o coração no céu e com os pés no chão. É andar sempre com passos firmes e solidários. É ter a capacidade de perceber a presença do Ressuscitado no irmão que sofre, na comunidade reunida, na vida que refloresce.
Padre Aureliano de Moura Lima, SDN


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Ide pelo mundo inteiro e anunciai o Evangelho a toda criatura!




No domingo passado (13) refletimos sobre o mandamento do amor; contemplamos o amor de Deus manifestado na pessoa, nos gestos e nas palavras de Jesus. No texto do Evangelho (João 15,9-17) encontramos uma catequese sobre o caminho que os discípulos deveriam percorrer após a morte de Jesus e aprendemos que o mandamento do amor é a raiz de toda vida cristã. Neste 7º Domingo da Páscoa a Igreja celebra a Ascensão do Senhor. Depois de quarenta dias de sua Ressurreição Jesus ascendeu ao céu na presença dos Apóstolos. “Ide por todo mundo, proclamai o Evangelho a toda criatura” (Marcos 16,15-20). A temática da liturgia da Ascensão é a missão universal dos Apóstolos, os primeiros a darem continuidade à missão de Jesus. “Depois de lhes falar, o Senhor Jesus foi elevado ao céu e sentou-se à direita de Deus” (Mc. 16,19). Isto significa que Jesus realizou plenamente sua missão e agora vive plenamente sua comunhão com Deus Pai. O desafio que cabe a nos seguidores de Jesus é igualmente subir ao céu. “Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra. Ide e ensinai a todos os povos... Eu estou convosco todos os dias até o fim do mundo” (Mt. 28,16=20). Lucas relata que enquanto os abençoava foi levado para o céu (Lc. 24,51). Isto não significa o fim de sua presença entre os homens, mas o começo de sua nova forma de estar no mundo. O mesmo Jesus que subiu ao céu onde está sentado à direita de Deus permanece conosco todos os dias, vive em sua Igreja e através dela continua a obra da salvação. O Apóstolo Paulo diz (Ef. 4,10): Quando Jesus sobe ao céu não está abandonando seus filhos, mas sim enchendo-os com a luz da Sua presença permanente. Na Ascensão os Apóstolos por um instante ficaram sem ação, apenas olhando para o céu; então foram alertados pelos mensageiros de Deus: “Homens da Galileia, por que ficais aí a olhar para o céu? As palavras dos anjos são dirigidas hoje a todos nos. A missão não pode parar – ainda existem lideranças paradas olhando para o céu ou trancadas na sacristia. O momento é de partir para a missão. Disse Jesus: “Receberás o poder do Espírito Santo para serdes minhas testemunhas em Jerusalém, até os confins da terra. Neste dia mundial das comunicações sociais e início da semana de orações pela unidade dos cristãos, queremos rezar para que o diálogo ecumênico aconteça. A Festa da Ascensão é um convite a continuarmos a celebração do Mistério Pascal na certeza que uma vida vivida na fidelidade a Deus e no serviço aos irmãos, está destinada à glorificação. Nosso eterno mediador junto a Deus elevou-se ao céu, não para afastar-se de nos, mas para dar-nos a certeza de que nos conduzirá a gloria da imortalidade. Pense nisto e tenha uma semana abençoada.

Pedro Scherer


Mons. Jonas

FONTE:
INTERNAUTAS - MISSIONÁRIOS



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OBRIGADA PELA VISITA. VOLTE SEMPRE!

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