Precisamos, em oração, corrigir nossa rota por caminhos eternos e de vida
Não há como negar que viver o Evangelho nos dias de hoje traz muito mais desafios e situações a serem administradas do que nos tempos de nossos pais na fé. Os assaltos do secularismo e do hedonismo; o inesgotável caminho de religiões e crenças; as diversas realidades sociais e políticas, assim como as variadas manifestações culturais, acabam dificultando a correta compreensão e entendimento do Reino de Deus e de seus valores por parte da presente geração. Na realidade peculiar e ambígua de nossa época, vemos que a mensagem integral do Evangelho tem sido camuflada e esvaziada. Presenciamos distorções cada vez mais absurdas sobre o Deus que se revelou na natureza, aos pais e profetas, através das Escrituras Sagradas e em Jesus Cristo. O entendimento acerca da ação divina nestes dias é cada vez mais vago e difuso – e, de forma inusitada, são os próprios evangélicos que tomam a frente daqueles que trituram e relativizam a mensagem bíblica.
A radicalidade e os extremos do fundamentalismo engessado das tradições, assim como o liberalismo antropocêntrico das reflexões teológicas acadêmicas dificultam o entendimento da simplicidade e da profundidade do que Jesus trouxe em sua obra de salvação e ensino. Por outro lado, a espinha dorsal da mensagem contida no sermão da montanha – o estilo de vida que agrada ao coração do Deus triúno, calcado em uma existência humana onde a lei de amar ao Senhor e ao próximo é observada e a adoração, a confissão e mordomia de uma cidadania responsável de justiça e paz, vivenciadas – tem sido recorrentemente ignorada.
A radicalidade e extremos dos movimentos pendulares de sempre, isto é, desde o fundamentalismo engessado das tradições, até ao liberalismo e antropocentrismo das reflexões e conclusões do exercício acadêmico da teologia e de algumas vertentes da ciência das religiões, partilhadas com imatura maneira de lidar com a filosofia e compreensões existenciais, dificultam em muito a que pessoas simples e comuns ou mesmo que mentes mais privilegiadas entendam a simplicidade e profundidade do que Jesus trouxe em Sua obra de salvação e ensino, balizando o reino de Deus que está sendo implantado.
Causa tristeza ver que cada vez mais que pessoas têm abdicado da busca por uma vida que valorize o ensino e prática do que Jesus nos ensinou acerca da santidade e uma vida de serviço. Muitos, com corações endurecidos e mentes cauterizadas pelo pecado, entregam-se aos próprios desejos e decisões, abrindo mão ou negociando valores éticos e morais – inclusive, as virtudes que vêm do caráter de Jesus, santo e humano, e não da uma vivência baseada apenas no legalismo, nas letras da lei. É gente que vai construindo seus deuses pessoais, que falam somente aquilo que seus devotos desejam ouvir e crer. Gente que vai andando conforme as enganosas inclinações do coração; que gosta de transitar pela na linha tênue que normalmente se encaminha para a prática do mal. Isso compromete qualquer espiritualidade em sua veracidade, profundidade e sanidade. Cristo torna-se apenas uma remota referência, um bom exemplo a ser olhado e seguido de vez em quando.
Precisamos, de maneira corajosa e rotineira, chamar pecado de pecado, encarando com humildade o discurso mais impopular da revelação de quem somos à luz da Palavra de Deus. E precisamos, em oração, ver se há em nós algum mau caminho e corrigir a rota por caminhos eternos e de vida. Entender o significado de Jesus ter levado os nossos pecados na cruz, através da grandiosa obra de sua graça e poder, é o que nos capacita a obter vitória sobre eles. Deixando que nosso coração e nossa mente permaneçam sensíveis à voz e direção do Espirito Santo, não permitiremos que fiquem endurecidos e cauterizados.
O pastor, mestre, escritor e poeta Eugene Peterson faz uma leitura precisa do que Salomão escreveu em Provérbios 17.19: "Quem namora o pecado se casa com a confusão, e quem deixa a arrogância subir à cabeça faz um convite à destruição". Para nos prevenirmos contra o pecado, necessitamos de intimidade com Deus em oração, meditação e dependência. E não podemos desprezar a experiência comunitária saudável com os amigos de alma, que são vitais no processo de sanidade e espiritualidade. Na comunhão dos santos, encontramos gente que nos fala também o que não queremos, mas precisamos, ouvir; gente que nos ama e caminha conosco no dia do acerto e do erro, tentando perseverar em fidelidade até o fim da carreira a cada um de nós proposta.
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